domingo, 30 de novembro de 2008

Gravura de Hokusai


Veio-me parar à mão esta gravura da série de vistas do monte Fuji do famoso artista Hokusai (1760-1849).
É uma boa inspiração para escrever haiku, que acham?

sábado, 29 de novembro de 2008

Haiku na Universidade

A forma enxuta, directa e objectiva do haiku tem sido muitas vezes usada para suscitar uma primeira abordagem à produção de linguagem poética. Lembro Maria Kodama, viúva de Jorge Luis Borges, que editou um livro de haiku de crianças e jovens. O "Colégio da Torre" em Lisboa tem também feito com os seus alunos trabalho com haiku.
Os meus alunos da Faculdade de Motricidade Humana, foram na semana passada desafiados a escrever haiku. Alguns mandaram-me o resultado. Aqui fica o registo com os votos que eles nunca se afastem durante a vida da poesia para que a poesia não se afaste deles.
E recebam um abraço amigo!


Sentada no barco,
Sem tempo de partida,
Rumo incerto...

Ana Catarina Alves



A ave
Dança
Com o vento


O vento
As folhas
A sua comunhão

Tânia Silva



O sol brilha
Na manhã fria
E aquece-me.

Vanessa Martinho


A árvore
Balança ao vento
Como uma folha

Andreia Rodrigues


Dançam, a um canto
As folhas do jardim,
Levadas pelo vento.


Andreia Luís.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Já saiu.

E pronto! Já está cá fora o pintaínho a "Respirar" o ar fora do ovo. Chegaram-me ontem os primeiros exemplares. A editora vai agora distribuir o livro pelos locais do costume: FNAC, Bertrand, etc.
As coordenadas são:

"Respirar: 101 haiku", Corposeditora, 2008

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Folhas e vento

As explicações podem ajudar a entender um haiku. Mas ele não pode ficar, na minha opinião, completamente dependente de uma chave que não se alcança. Pode ficar algo oculto mas o poema não pode ser um quebra-cabeças.
Talvez deva então explicar uma sensação que se me revelou sobre as coisas que enchem a nossa vida (com que vamos enchendo a nossa vida) e que parecem... que parecem "isto":


fiquem aqui, folhas!
Junto à falésia!
O vento já vem.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Yukio Mishima

Nunca é demais ler os romances de Mishima. A poesia está lá presente com elegância e pertinência. Olhem este excerto de "O marinheiro que perdeu as graças do mar":

"Por fim, sacudindo todo o porto e vibrando em todas as janelas da cidade; assaltando cozinhas onde se preparava o jantar e sórdidos quartos de hotel onde os lençõis nunca são mudados, e mesas de estudo à espera que as crianças cheguem a casa, e escolas e courts de ténis e cemitérios; mergulhando tudo num momento de dor, rasgando cruelmente inclusive os corações das pessoas não envolvidas, a sirene do Rakuyo gritou um último e imenso adeus. Com um rasto de fumo branco o navio fez-se ao largo. Ryuji desaparecia de vista"

Fantástica (triste e inexorável) discrição de uma partida.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Hello Kitty!!!!




Não vão acreditar, mas chegou-me à maõs um livro da "Hello Kitty" (espero que conheçam...) intitulado "Estações do Ano: fotos e haicus". O livro é editado pela editora Madras de S. Paulo e é a tradução de um livro americano chamado "Through the Seasons".


Bom, a originalidade é que as fotografias da ursinha de peluche são ilustradas por haicus (sic...). E sabem? Alguns nem são maus de todo. Leiam este:




pousa a borboleta -


e fica para


o piquenique






domingo, 23 de novembro de 2008

International Haiku Association

Publico aqui o haiku premiado no concurso de 2008 da
The Haiku International Association (Japão):


chichi no hi to dare mo kizukazu owari keri

Autor:
Meguro-ku, Fumio Takabayashi


Father's Day-
it ends unnoticed
by anyone


Na minha tradução:

Dia do Pai
acaba sem ser anunciado
por ninguém.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Comemorações

Comemorar é por marcas no tempo e talvez desvendarmos novos significados no caminho da vida. Hoje tenho duas comemorações para assinalar e compartilhar: uma é que este blog já fez mais de um ano (14 de Novembro de 2007). Neste ano foram colocados quase 300 posts e um pouco mais de comentários. Estou feliz com o que o blog é: um pouco menos que Molesquine e um pouco mais que a gaveta. Queria agradecer às pessoas que se tornaram meus companheiros de caminho.
A segunda comemoração é o 118º (centésimo décimo oitavo) aniversário do nascimento do meu pai (1890). Um homem que não estando comigo há 28 anos me continua a visitar em sonhos, a inspirar a minha vida e do qual tenho sempre saudades.
E com estes dois aniversários, brindo simbólicamente com todos os amigos. Tchim, tchim! E obrigado!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

J.S. Bach

Bach escreveu música para cravo e violino. Divina, como toda a outra que fez. Há pouco tempo ouvi uma destas sonatas para cravo e violino tocada numa audição de alunos de música. Ainda que discreto, notei que o violinista acompanhava a sua interpretação com batimentos do pé na chão (acrescentando assim um instrumento de percursão à sonata). Aproveitei para escrever "isto":

Bach a dois:
um no cravo
outro na ferradura.

Casimiro de Brito

Uma notícia (ou duas): o poeta Casimiro de Brito lança o seu livro "69 poemas de amor" na Bulhosa dia 12 de Dezembro pelas 18h00. No dia 15 na SPA há a cerimónia de entrega dos prémidos do PEN Clube. Entrada livre.
E o haiku de hoje:

Sala de espera:
brinca debaixo das cadeiras
criança com febre.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

David Mourão-Ferreira

A minha amiga Lurdes, alertou-me para o livro "entre a sombra e o corpo" publicado em 1980 pelo grande poeta David Mourão-Ferreira. Este livro contém 30 poemas de três linhas que o autor previne no prefácio não serem haicai por não terem a métrica 5-7-5 mas sim 6-6-3. Mais a adiante escreve o autor: "(o leitor..) dirá ainda se estes falsos haicai lhe parecem ou não verdadeira poesia. Para mim constituiram eles, sobretudo, o apaixonante ensejo de tentar dizer, do modo mais condensado - e com possibilidades de mais de uma leitura - muito do que há muito, ou desde sempre, me venho esforçando por exprimir".
E aqui, neste blog, se conjugam então as palavras de um grande poeta com amizade de uma grande amiga.
Deixo duas amostras dos tais "falsos" haicai ("verdadeira poesia": está a brincar connosco?):

Manhã cedo as cigarras
em silêncio preparam
suas árias

Ao meio-dia em ponto
entre a sombra e o corpo
o encontro

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O Tao do Haiku

Tao em chinês significa caminho. Tao é (como caminho) uma palavra muito bonita; não só pelo som doce de todas as suas vogais mas sobretudo pelo seu significado. Para mim não há melhor palavra para definir a vida.
Escrever haiku é uma forma de estar e fazer opções neste caminho. Mas há um Tao do haiku que não se esgota da linguagem. Tive a prova disso quando estive num encontro que a Lucília Saraiva inventou entre quem escreve haiku e quem faz esboços instantâneos da realidade à volta. (Que sensibilidades e traços fantásticos...)
O Tao do Haiku pode-se desenhar, escrever, compor, dançar, representar, (...) É preciso é caminhar...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Respirar: 101 Haiku

É bom ter amigos literatos. Uma voz amiga lembrou-me que já havia em português um livro chamado "Respirar" sobre a poesia de António Ramos Rosa e outro chamado "Respiração" de José Ângelo Gaiarça. E os livros que têm no título "respirar + qualquer coisa" (tipo "arte de respirar"ou "respirar o instante") são ainda mais numerosos. Mas a verdade é que não consigo encontar melhor título para um livro que organizei em "inspirar, expirar e transpirar". Que fique então "Respirar: 101 haiku" e que a diferença se veja no miolo e não no título.

E o haiku de hoje:


como uma enxurrada
o vento atravessa
os plátanos

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ban'ya Natshuishi and the tile

The Portuguese poet Casimiro de Brito went to Tokyo to a Poetry Festival organised by the Japanese poet Ban'ya Natsuishi. I asked Casimiro de Brito to give to Ban'ya a small Portuguese souvenir from the times that Issa was writting poetry. Ban'ya published on his blog the folowing text - That I can't traselate - about the Portuguese tile, Thank you Ban'ya!

http://banyahaiku.at.webry.info/200811/article_8.html



東京ポエトリー・フェスティバル2008出演の海外詩人から、いろいろ贈り物をいただいたが、最もユニークなのは、ポルトガルのタイル。カジミーロ・ド・ブリトー (Casimiro de Brito) が、友人のダヴィード・ロドリグス (David Rodrigues)から預かってきた。

ダヴィード・ロドリグスは、リスボンの大学教授、世界俳句協会会員。このタイルは、250年前のもので、小林一茶が生まれたときに作られたというメッセージが添えられていた。タイルには、ヨーロッパでよく見られる、様式化した百合の花が描かれている。調べてみると、小林一茶が生まれたのは、1763年。いまから245年前。    一茶の国へと空飛ぶタイルをブログに据える    百合の花咲くタイルは一茶の同級生  夏石番矢





segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ânsia

gota a gota
o cacto poupou água -
depois veio a cheia.


drop by drop
the cactus saved water -
then came the flood.