Alvoroçados
teus dedos na minha mão
aves assustadas.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
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1 comentário:
Caríssimo David,
Obrigado pela atenção. Quanto ao meu blog, não faço a mínima ideia o que se passou.
Em relação ao Beat-Haiku, prefiro colocar um excerto dum ensaio meu, esperando que a leitura não seja enfadonha:
O Beat-Haiku
"A real haiku’s got to be as simple as porridge and yet make you see the real thing."
J.Kerouac, in The Dharma Bums
Apenas me interessa, para o presente ensaio, a ligação deste movimento com o haiku, e só na poesia de Jack Kerouac, especialmente porque só tive acesso a ela.
Kerouac descobriu o haiku quando iniciou os seus estudos do Budismo com o seu amigo Gary Snider, que era também poeta Zen. Quanto à forma, rejeitou o tradicional modelo silábico 5-7-5, mas manteve a estrofe de 3 versos curtos. Na sua obra Scattered Poems, diz-nos que “A ‘Western Haiku’ need not concern itself with the seventeen syllables since Western languages cannot adapt themselves to the fluid syllabic Japanese. I propose that the ‘Western Haiku’ simply say a lot in three short lines in any Western language”. E, acima de tudo, acreditava na simplicidade do haiku, livre daquilo que ele próprio chamou de “poetic trickery”, assim como os imagistas e a sua “technical hygiene”.
No seguinte poema:
Missing a kick
at the icebox door
It closed anyway
uma das principais características é a surpresa. Apesar de falhar o pontapé, a porta fechou-se na mesma. Tendo em conta as “regras” do haiku japonês, não o chega a ser, mas é um haiku segundo o critério por ele definido. É simples e usa o quotidiano para coisas profundas (sei bem o perigo do conceito de profundidade, mas uso-o com confiança). Porém, atentemos no seguinte:
Straining at the padlock
The garage doors
At noon
Parece-me mais puro enquanto haiku. Não creio que use tantos artifícios poéticos como no exemplo anterior. Há uma certa personificação das portas, que lutam contra a prisão em que vivem. Usa o elemento temporal ‘meio-dia’, que cristaliza o texto.
Embora Kerouac tenha preconizado que o haiku ocidental não deveria cingir-se à forma do japonês, há autores que o experimentaram como, por exemplo, David Rodrigues, embora não seja totalmente um purista. Todavia, os dois elementos que me parecem fulcrais no haiku, tanto oriental como ocidental, são a contenção e o poder imagético das palavras. Tanto os imagistas, como autores da Beat Generation, usaram tais características na sua poesia. E são ínumeros os exemplos na língua portuguesa.
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