segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Viajar

Tempo de Verão, de féris e de viagens. Muito se fala agora do "bom que é viajar" e neste campo se encontram os mais díspares valores: há quem viaje para "dizer que já lá esteve", há quem viaje para "ver", há quem viaje para não ficar parado, etc., etc.
Lembrei-me de um excerto do "Livro do Desassossego" na excelente edição de Teresa Sobral Cunha da "Relógio d'Água" (pp.511):

"Que é viajar, e para que serve viajar? Qualquer poente é o poente; não é mister ir vê-lo a Constantinopla. A sensação de libertação, que nasce das viagens? Posso tê-la saindo de Lisboa até Benfica, e tê-la mais intensamente do quem vá de Lisboa à China, porque se a libertação não está em mim, não está, para mim, em parte alguma".


Fernando Pessoa que tanto viajou sem quase sair de Lisboa sabia bem que viajar é bem mais que mudar de lugar.
(E agora com a tão maior facilidade de mudar de lugar, a ânsia de viajar criou uma "certificação da confusão". Eu estive lá, eu vi (penso que vi...) portanto... é verdade. É verdade! É verdade!! É verdade!!!)

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