segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Diálogo no Porto

- Oh minha senhora: a minha filha está desempregada e com dois filhos. Eu nem durmo de consumida...
- Eu também não prego olho mas é por causa de uma gata branca que tenho e cisma em passar as noites na rua...


falta a chave:
e o imenso palácio
fica inútil!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Inverno...

mar de inverno -
polvilha o bolo de estrondo
o pio das gaivotas.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Contrato Social

JJ Rousseau , o iluminista francês, teorizou o "contrato social". Em duas palavras o contrato que se celebrava entre a sociedade (os cidadãos) e o estado em que a sociedade abdicava de algumas liberdades e reconhecia autoridade ao estado em troca dos benefícios que dele podia receber.
Hoje o contrato social está muito adulterado: cada vez a sociedade abdica de mais e recebe menos do estado... E cada vez se fala mais das liberdades e das responsabilidades: liberdade para fazer o que é obrigatório fazer e responsabilidade para "tirar as castanhas do fogo" a quem as lá pôs...


um gota só
cai na água à noite:
- Quem é?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

How do things change?

A mudança - a paixão de seguir, compreender, influenciar as alterações de estalam dia e noite debaixo dos nossos pés. Porque mudam as coisas? Porque é que não ficam quietinhas a dar aos viventes um norte, uma estabilidade, uma certeza?
Mas a minha reflexão hoje é como é que elas mudam.
Quando era criança costumava ver nas feiras umas máquinas de diversão que consistiam em acrescentar moedas a um monte já existente. A ideia era, como todo o monte se encontrava perto de um buraco, fazer com que as moedas caíssem para nosso proveito. Esta imagem não me sai da cabeça quando penso nas constantes mudanças sociais, educacionais, de valores, etc. etc. Todos nós, os ingénuos jogadores, pensavamos que era aquela moeda que lançavamos com manha e ciência que ia desiquilibrar todo o edifício que lá estava. Mas se observassemos bem a dinêmica do monte, veríamos que quando caíam moedas essa queda era influenciada por micromovimentos em que todas as moedas pequenas e insignificantes tinham tanto protagonismo com aquela moeda que nós pensavamos que iria mudar tudo...
Eu diria para abreviar razões que o importante é não deixar de colocar moedas, mesmo sabendo que o seu efeito não é imediato. How do things change? Slowly and flowing... "Panta Rei".


caiu o pinheiro
mas só corria um ventinho -
finco os pés no chão.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sede

dá sempre saudade
quando o doce da água
desce pela garganta.

ou

fim da saudade -
o doce dss golos de água
pela garganta.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Viajar

Viajar sem sair de casa?
Ver para confirmar que já está tudo visto ou
olhar para o que é comum e diferente?
A grande viagem é sempre dentro de nós:
seja para alargarmos o conhecimento
ou a humanidade.
As viagens, como a vida,
são incessantes e só terminam
quando o bilhete expirar...


este céu
é quase igual
ao da minha terra.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Seguir o mestre ou...

A experiência que acumulamos ao longo da história é útil? Muita gente diria, sem hesitar: "Sim!". (Até se diz que a história serve exactamente para predizer o se vai passar no futuro...)
Mas...
Será que é mesmo útil?
Só duas reflexões:
1) Parece que não porque não vemos indícios de melhoria em qualidade humana nas nossas sociedades. Gestos de altruísmo sempre houve. Nunca a diferença entre ricos e pobres foi tão grande, nunca a conflitualidade humana foi tão mortífera como hoje...
2)Quem escolhe um mestre para seguir de certa forma encontra a certeza do caminho que segue (basta seguir). Não preciso procurar outro: este é "o" caminho. E porque não? Será que a nossa cabeça vale tanto que consegue no meio de tantas ideias e forças encontrar um caminho que nos sacie? Será que os mestres gostariam de ser seguidos ou eles próprios sentiram a angústia e a irrepetibilidade das suas escolhas?


calco as tuas pegadas
mas o teu passo é maior...
será por aqui?

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Aprender

Sempre me interessou o tema da aprendizagem. O que é aprender? Como se aprende? O processo de aprender é diferente conforme as pessoas, os assuntos, as épocas da vida, etc.? E como é diferente? Há padrões? Há regras para aprender? E são universais?
Tantas perguntas e tão sedutoras.
Aqui fica uma reflexão concentrada sobre a aprendizagem:

torno meu o novo
sem escola ou manual,
caminho de cor.

domingo, 2 de outubro de 2011

ao longo e ao largo

A mesma ousadia que fez Prometeu roubar o fogo aos deuses é a mesma que nos guia para levarmos uma vida digna, honesta e decente. Para Prometeu: porque não viver sem fogo? Para nós: porque viver decentemente? Assim e de novo não procurar uma vidinha próspera e longa mas uma vida "que valha a pena ser vivida" ao longo e ao largo, isto é nas suas múltiplas dimensões.

uma bolota!
melhor
é impossível.

duas folhas rijas:
a semente do jacarandá
esconde o roxo.