Queres ser meu amigo?
Tá bem!
Mas só se não te puder ver!
(Podes pôr a foto de outra pessoa).
Vou-te pôr
No meu livro das caras
Tás a ver?
"Livro das caras"
É só pra disfarçar...
A tua cara ao fim e ao cabo
não interessa muito...
O que me interessa
É ter-te a comunicar comigo
Quantas vezes?
Quantos contactos?
"Give me five!" "Tudo em cima!"
Eh pá que fixe!
Os meus outros amigos...
Eu gosto deles... mas...
Ás vezes é uma seca
Atrasam-se, chateiam-me,
andam chateados, andam "em baixo"...
Mas no livro das caras
No meu Face Book
Estão todos (e tantos!!!) lindos
bem-dispostos, disponíveis
Todos "up!"!
Mas hoje lembrei-me...
Que faces, quantas faces
terá o meu book
quando vier o frio?
sexta-feira, 31 de julho de 2009
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Um sonho
era uma pedra com o tamanho formidável um monolito enorme como um gigantesco iceberg pousado numa imensa e deserta planície a pedra estava abraçada por uma teia de cabos de aço que partiam em todas as direcções do horizonte fiquei a olhar sem entender para este cenário esmagador e desolado de repente senti a presença de outra pessoa e quando me voltei vi uma criança que não teria mais de sete anos parecia um rapaz e estava vestido com uma túnica azul cobalto logo entendi que ele sabia o que era "aquilo" e perguntei sabes-me dizer o que é esta pedra e porque é que estão todas estas cordas amarradas a ela sem se saber onde terminam não é nada complicado disse ele com um sorriso os cabos vão para todo o mundo e estão sempre a ser puxadas por todas as forças que em cada lugar se encontrem: homens , mulheres, animais, máquinas toda a gente quer mover a pedra toda a gente pensa que pode mover a pedra na sua direcção mas como todos puxam muito e incessantemente anulam-se e a pedra quase nunca se move só às vezes quando todo um conjunto de cabos relaxa o se consegue um estremecimento da pedra o meu avô disse-me que numa noite de lua cheia já a viu mover-se cinco metros mas isso foi há muito tempo eu só ouço o ranger só vejo a tensão inútil destes milhares de cabos se as pessoas que os puxam ao menos vissem a pedra se eles ao menos pudessem falar uns com os outros se ao menos eles olhassem a lua quando ela está cheia
a última folha
caiu de árvore -
ventinho de nada
a última folha
caiu de árvore -
ventinho de nada
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Vigotski e a amizade
Lev Vigotski (1896-1934) foi um grande psicologo russo que iluminou a psicologia e a educação até hoje. Uma das suas criações teóricas mais geniais foi a Área de Desenvolvimento Potencial (ADP) que, numa rapidíssima definição, nos diz que a pessoa não é só aquilo que mostra numa determinada situação: depende de com quem está e se estiver com alguém que a possa incentivar e guiar na aquisição do conhecimento essa pessoa mostra o seu potencial, a tal ADP.
Enfim, lembrei-me do inspirador Vigotski a propósito da amizade. Como os nossos amigos expandem aquilo que somos! Como quando estamos com eles a nossa ADP fica enorme. A amizade é uma expansora da personalidade. Spazibo, Lev!
fica um galo
o pombo quando faz a corte
à pomba.
Enfim, lembrei-me do inspirador Vigotski a propósito da amizade. Como os nossos amigos expandem aquilo que somos! Como quando estamos com eles a nossa ADP fica enorme. A amizade é uma expansora da personalidade. Spazibo, Lev!
fica um galo
o pombo quando faz a corte
à pomba.
domingo, 26 de julho de 2009
Amigos
mas o que são afinal os amigos quando recebemos um banho com gente à nossa volta que nos exprime amizade ficamos a pensar mas afinal quem são os amigos eles são muitas vezes o nosso porto de abrigo as pessoas que dizem bem de nós quando os outros são indiferentes quando eles encontram para os nossos actos fins nobres onde o outros vêem calculismo ou até perversão também são expansores da nossa personalidade aquelas pessoas com as quais nós somos capazes de ir mais além de falar mais do que pensavamos que eram as nossas opiniões mas hoje eu queria falar do que são os amigos quando encorajam e sustentam o que nós somos e o que queríamos ser que se alegram com os nossos pequenos sucessos grande e por isso mesmo vulnerável é a amizade o único sentimento não exclusivo que junta em si o melhor que nos separa dos animais
campo de girassóis.
Até ao rio, só eles.
E a lua ao meio dia.
campo de girassóis.
Até ao rio, só eles.
E a lua ao meio dia.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
quinta-feira, 23 de julho de 2009
Dois haiku em Coimbra
vento de Verão
levanta a saia rodada -
saia justa
seda na mão -
ou será só
a tua pele?
levanta a saia rodada -
saia justa
seda na mão -
ou será só
a tua pele?
terça-feira, 21 de julho de 2009
A viagem
de todas as metáforas sobre a vida a mais comum é certamente a da viagem a vida como peregrinação jornada caminho hoje acordei com esta metáfora no pensamento mas com um olhar particular para os caminhos com que se faz a viagem que se sempre na mesma direcção para as terras frias do Norte pensei sobretudo nos caminhos que usamos para lá chegar há sendas auto-estradas caminhos a descer caminhos a subir caminhos que nos fazem andar às voltas, caminhos com vistas maravilhosas túneis enfim caminhos de todas as configurações dificuldades e velocidades pensei de como nunca usamos um caminho só vamos saltando de uns para os outros e assim a viagem da vida parece às vezes difícil outras sem sentido outras rápida é também interessante o que é que nós quando estamos num caminho pensamo das pessoas que fazem a viagem noutros caminhos o que pensamos dos que vão rápido quando vamos lento o que pensamos de quem vai no túnel quando a nossa vista é boa o que pensamos de quem vai directo quando andamos às voltas é bom pensarmos que os caminhos não são sempre os mesmos e que já andamos em muitos e outros ainda nos esperam
do cimo da montanha
não se vê o amanhã -
fim de tarde...
do cimo da montanha
não se vê o amanhã -
fim de tarde...
domingo, 19 de julho de 2009
Partida
atesto a memória
e deixo o cais -
vou com as gaivotas
ou como se diria no Brasil...
completo a memória
e deixo o cais -
vou com as gaivotas
e deixo o cais -
vou com as gaivotas
ou como se diria no Brasil...
completo a memória
e deixo o cais -
vou com as gaivotas
quinta-feira, 16 de julho de 2009
O Poste
Das sessenta mil pessoas que se sentavam naquele estádio de futebol uma tinha uma preocupação certamente diferente de todas as outras. O Américo Santos estava sentado na parte das bancadas mais próxima do relvado e logo por detrás de uma das balizas. Na última semana tinha estado a trabalhar na estrutura daquela baliza. A fixação do poste ao solo tinha cedido e o Américo Santos fruto da sua fama de pedreiro competente e de confiança tinha sido chamado para resolver o problema. “Mas olhe, que isso tem de ficar bem e pronto depressa!” – disse-lhe o responsável do clube – “No próximo Domingo recebemos o nosso grande rival...”.
O Américo trabalhou o melhor que pode: diagnosticou a situação, preparou uma sólida base de betão, consolidou o solo e na quinta-feira tinha o trabalho pronto.
E ali estava ela no grande dia: estádio cheio, bandeiras, faixas, cânticos, mil cores e sons. E ele a olhar para a trave. Sabia que o trabalho estava bem feito mas...o solo seria suficientemente firme? O betão teria já secado? Os parafusos que tinha aplicado seriam suficientemente fortes? Sentia uma turvação só de pensar na vergonha e embaraço que seria a baliza cair a meio do jogo... nem queria pensar nisso...
Começou o jogo e com ele o sofrimento para o Américo. Parecia que todos os lances eram junto da “sua” baliza: Foi um forte remate ao poste... e a baliza abanou e aguentou... depois, na marcação de um canto, dois defesas encostaram-se ao poste... “Cuidadinho!” pensava o Américo. Já na segunda parte o guarda-redes sofreu um golo. Foi buscar a bola ao fundo da baliza e zangado deu um forte pontapé no poste. O Américo saltou da cadeira de olhos arregalados: “Que isso pá, tas parvo?”. Ao lado alguém ao lado respondeu “Olhe que o homem não teve culpa no golo”. O Américo olhou para o lado como se desse conta pela primeira vez que estava a ver um jogo de futebol.
E foram sobressaltos atrás de sobressaltos até ao fim do jogo. Até um defesa decidiu ir bater as chuteiras no poste para tirar a relva que lá tinha ficado presa... e quase no fim do jogo um defesa lançado em corrida agarrou-se ao poste para melhor travar.
O árbitro apitou finalmente para o fim do jogo. O Américo caiu pesadamente sobre a cadeira, suado, exausto pela tensão que tinha vivido e absolutamente alheado da exuberância que o rodeava. Deu conta que não sabia qual tinha sido o resultado do jogo. “Eh pá, não fique chateado!” – brincou um espectador ao lado –“Prá semana há mais...”. O Américo não respondeu mas pensou “Mas pelo menos já tenho a certeza que o cimento está seco!”.
O Américo trabalhou o melhor que pode: diagnosticou a situação, preparou uma sólida base de betão, consolidou o solo e na quinta-feira tinha o trabalho pronto.
E ali estava ela no grande dia: estádio cheio, bandeiras, faixas, cânticos, mil cores e sons. E ele a olhar para a trave. Sabia que o trabalho estava bem feito mas...o solo seria suficientemente firme? O betão teria já secado? Os parafusos que tinha aplicado seriam suficientemente fortes? Sentia uma turvação só de pensar na vergonha e embaraço que seria a baliza cair a meio do jogo... nem queria pensar nisso...
Começou o jogo e com ele o sofrimento para o Américo. Parecia que todos os lances eram junto da “sua” baliza: Foi um forte remate ao poste... e a baliza abanou e aguentou... depois, na marcação de um canto, dois defesas encostaram-se ao poste... “Cuidadinho!” pensava o Américo. Já na segunda parte o guarda-redes sofreu um golo. Foi buscar a bola ao fundo da baliza e zangado deu um forte pontapé no poste. O Américo saltou da cadeira de olhos arregalados: “Que isso pá, tas parvo?”. Ao lado alguém ao lado respondeu “Olhe que o homem não teve culpa no golo”. O Américo olhou para o lado como se desse conta pela primeira vez que estava a ver um jogo de futebol.
E foram sobressaltos atrás de sobressaltos até ao fim do jogo. Até um defesa decidiu ir bater as chuteiras no poste para tirar a relva que lá tinha ficado presa... e quase no fim do jogo um defesa lançado em corrida agarrou-se ao poste para melhor travar.
O árbitro apitou finalmente para o fim do jogo. O Américo caiu pesadamente sobre a cadeira, suado, exausto pela tensão que tinha vivido e absolutamente alheado da exuberância que o rodeava. Deu conta que não sabia qual tinha sido o resultado do jogo. “Eh pá, não fique chateado!” – brincou um espectador ao lado –“Prá semana há mais...”. O Américo não respondeu mas pensou “Mas pelo menos já tenho a certeza que o cimento está seco!”.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Egos
tanto trabalho nos deu a construir que não queremos largar o nosso ego por nada deste mundo assim falamos de forma enfática nos meus valores na honestidade que devo a mim mesmo nos valores que sempre me nortearam ou até no prosaico eu cá sou assim mesmo o interessante é ver que estas afirmações que parecem só dizer respeito a quem as profere são afinal uma arma de arremesso uma distinção pela superioridade para quem escuta ou de quem se fala é que a minha impoluta posição só faz sentido se cotejada com outras que são bem menos sérias honestas e autênticas ai os egos tanto tempo levaram a construir que vamos dispôr do mesmo tempo para os apagar
o pescador
tanto olhou a linha
que não viu a onda.
o pescador
tanto olhou a linha
que não viu a onda.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Mais 3 Fulgurantes...
frondosos braços -
todos os cantos dos pássaros
cabem lá.
contra a roupa justa:
libertem os prisioneiros!
corpo suado
cheira a sal
e lateja.
todos os cantos dos pássaros
cabem lá.
contra a roupa justa:
libertem os prisioneiros!
corpo suado
cheira a sal
e lateja.
Partida
crepúsculo de inverno -
escamas de sombra no rio
e o vento norte
winter dawn -
shadow's scales on the river
and the North wind
escamas de sombra no rio
e o vento norte
winter dawn -
shadow's scales on the river
and the North wind
segunda-feira, 13 de julho de 2009
3 Fulgurantes
Se o prazer foi todo seu
o que foi aquilo?
Que mulher discreta:
apertava a mão, dizia "Muito prazer!"
E não se notava mais nada...
Sentir é alma e pele
(ou será a mesma coisa?)
o que foi aquilo?
Que mulher discreta:
apertava a mão, dizia "Muito prazer!"
E não se notava mais nada...
Sentir é alma e pele
(ou será a mesma coisa?)
domingo, 12 de julho de 2009
Esqueci a tradução...
A tradução do haiku que vai ser publicado no "The Heron's Nest":
vagueando pela praia -
a onda recolhe e larga
os reflexos do sol.
vagueando pela praia -
a onda recolhe e larga
os reflexos do sol.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
The Heron's Nest
Já aqui tinha feito referência à superlativa qualidade da Revista americana "The Heron's Nest" - o ninho da Garça - na edição e crítica da poesia haiku.
Um dos haiku que o número de Setembro vai publicar é da minha autoria e escreve-se assim:
beachcombing . . .
a wave picks up and drops
the sun’s reflection.
David Rodrigues
Um dos haiku que o número de Setembro vai publicar é da minha autoria e escreve-se assim:
beachcombing . . .
a wave picks up and drops
the sun’s reflection.
David Rodrigues
sábado, 4 de julho de 2009
Sol
mil grãos flutuam
no primeiro raio de sol -
lá fora o bem-te-vi.
ou então...
frincha de sol
em silêncio mil grãos flutuam-
lá fora o bem-te-vi.
no primeiro raio de sol -
lá fora o bem-te-vi.
ou então...
frincha de sol
em silêncio mil grãos flutuam-
lá fora o bem-te-vi.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Farol
e nas sociedades contemporâneas há uma reverência acrescida pelos faróis quando tudo são dúvidas possibilidades alternativas caminhos prováveis o farol aparece convicto alto sólido e inexorávelmente certo que a costa está ali e que as indicações que dele provêem são inquestionáveis talvez por isso o "farolismo" religião que tem por deuses os faróis esteja tão em expansão através de pinturas, fotografias, textos e de uma admiração que passa rapidamente de estética para ética eu também gosto de faróis mas
asas de gaivota
quando passa a luz do farol
de novo a noite
asas de gaivota
quando passa a luz do farol
de novo a noite
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