Tantos apelos à Paz e à Concórdia que se fazem pelo Natal, não podem deixar esquecer porque é que eles se fazem. Fazem-se porque vivemos rodeados de inúmeras guerras. Poucas guerras grandes e muitas pequenas.
A guerra é certamente a experiência-limite mais radical que a humanidade pode passar. Andar a fugir com medo de ser morto ou torturado; perseguir os outros para os matar ou torturar, para lhes matar os filhos, destruir as suas casas, queimar-lhes o sustento, envenenar-lhes a água... Não há certamente nada de tão limite como este terror e procura da morte. Matar ou ser morto. O ódio absoluto.
E por trás de cada um destes terríveis actores há ternura, há afagos, lágrimas, há saudades. Lá longe...
A guerra é também matar quem ama o assassinado: os pais, a mulher, a namorada, os filhos, os amigos, as suas ideias, o seu país...
Vejo atrás dos monstros
mãos que se dão, almoços de domingo
crianças que correm
e têm as suas cabeças afagadas.
Atrás deles vêm todas estas lágrimas
Todos os gritos impotentes
Todo o mal irremediável.
E meto a bala na câmara:
quantas lágrimas vai ela custar?
Disparo de olhos abertos
para não ver. Não posso ver!
Disparo de longe
para só ver os vultos simiescos.
Quero lá saber!
Quero lá saber!
Se matar talvez chegue a casa
para almoçar no domingo.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
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2 comentários:
Com conhecimento dirigido também se faz querra, e dessa ninguem foge!
Sem palavras...
Na esperança de que tenham passado um Feliz Natal votos de um Bom Ano 2011, mais pacifico e incluso!
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