segunda-feira, 29 de março de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
Publicação na "Nadaline"
(Clique na imagem para a tornar maior)
Já tinha dito aqui que a revista "Nadaline" da Estónia publicou os meus 21 Haiku "GAZA". Imagino que nenhum dos meus leitores os poderá ler mas, de toda a maneira, aqui fica o testemunho. E sempre o meu agradecimento ao poeta Andres Ehin que os traduziu.
As I wrote before, "Nadaline" journal from Estonia, published my 21 Haiku "Gaza". I imagine that no one of the readers of this blog will be able to read them, but, anyway here "l'épreuve du crime". And thank you again for transelation, Andes Ehin!
segunda-feira, 22 de março de 2010
Torre
Hoje, dia 22 de Março, à entrada da Primavera, estive na escola da Torre em Lisboa. Estive lá para, juntamente com outros familiares, falar às crianças de poesia.
E o que parecia difícil tornou-se muito fácil: as perguntas das crianças foram (como se deve esperar) inteligentes, pertinentes e muito estimulantes: "Distingue a sua poesia da de outros poetas?", "Como é que se escreve poesia?", "Em que se inspira?", etc.
Para ilustrar o que é o haiku - o tipo de poesia japonesa que lhes fui falar - levei e ofereci a cada criança uma pequena concha de madrepérola apanhada nas praias do Algarve no Verão passado. A concha serviu para ilustrar que a beleza afinal está "nos nossos olhos" e que se a procurarmos ela não nos deixará partir de mãos vazias. Assim, a ideia não é procurar a "perfeição" ou a "simetria": é olhamos para a nossa concha dialogando com ela independentemente de ela parecer perfeita ou não. E nem imaginam o que as crianças viram nas suas insignificantes ( e imperfeitas) conchas: transparência, veias, lisura, arco-iris. manchas, formas evocadas, enfim... Talvez a mensagem tenha passado: a poesia é feita por pessoas imperfeitas sobre coisas imperfeitas mas pode acabar por ficar bem...
Disse-lhes: sabem porque é que o haiku tendo só 3 linhas é um texto suficiente? É porque que a outra parte da poesia tem que ser completada pelo leitor. E logo surgiram as opiniões: Ah... um haiku é um puzzle incompleto, quem o lê é que o completa...
Devia haver muitos letreiros em todos os locais públicos que tivessem escrito: "É proibida a entrada a quem não confiar em crianças!". (Jesus disse uma coisa parecida, não foi?)
sala dos 5 anos -
um feto despenteado
pelo sol da manhã.
E o que parecia difícil tornou-se muito fácil: as perguntas das crianças foram (como se deve esperar) inteligentes, pertinentes e muito estimulantes: "Distingue a sua poesia da de outros poetas?", "Como é que se escreve poesia?", "Em que se inspira?", etc.
Para ilustrar o que é o haiku - o tipo de poesia japonesa que lhes fui falar - levei e ofereci a cada criança uma pequena concha de madrepérola apanhada nas praias do Algarve no Verão passado. A concha serviu para ilustrar que a beleza afinal está "nos nossos olhos" e que se a procurarmos ela não nos deixará partir de mãos vazias. Assim, a ideia não é procurar a "perfeição" ou a "simetria": é olhamos para a nossa concha dialogando com ela independentemente de ela parecer perfeita ou não. E nem imaginam o que as crianças viram nas suas insignificantes ( e imperfeitas) conchas: transparência, veias, lisura, arco-iris. manchas, formas evocadas, enfim... Talvez a mensagem tenha passado: a poesia é feita por pessoas imperfeitas sobre coisas imperfeitas mas pode acabar por ficar bem...
Disse-lhes: sabem porque é que o haiku tendo só 3 linhas é um texto suficiente? É porque que a outra parte da poesia tem que ser completada pelo leitor. E logo surgiram as opiniões: Ah... um haiku é um puzzle incompleto, quem o lê é que o completa...
Devia haver muitos letreiros em todos os locais públicos que tivessem escrito: "É proibida a entrada a quem não confiar em crianças!". (Jesus disse uma coisa parecida, não foi?)
sala dos 5 anos -
um feto despenteado
pelo sol da manhã.
domingo, 21 de março de 2010
21 de Março
Hoje chega ofialmente a Prima Vera. Os primeiros brotos, a vida a nascer de ramos que pareciam vencidos, secos e mortos pelo longo Inverno deste ano. E com ela vem a esperança de beleza, do morno, do fagueiro. Vem a esperança de uma vida que, num mundo onde tudo parece estar em risco é, mesmo assim, o mais constante e fiel que temos.
Com a Prima Vera vem também a Poesia, esta comprovadamente mais céptica em relação à felicidade. Mas mesmo assim agregada à renovação e a um novo sopro semelhante àquele que, no Genesis, fez Adão respirar.
Estavamos a precisar de ti, Prima Vera; sempre precisamos de ti, Poesia, em todas as estações do ano!
os melros cantam
desde as três da manhã -
calma! Já vou!
Com a Prima Vera vem também a Poesia, esta comprovadamente mais céptica em relação à felicidade. Mas mesmo assim agregada à renovação e a um novo sopro semelhante àquele que, no Genesis, fez Adão respirar.
Estavamos a precisar de ti, Prima Vera; sempre precisamos de ti, Poesia, em todas as estações do ano!
os melros cantam
desde as três da manhã -
calma! Já vou!
terça-feira, 16 de março de 2010
Trânsito
- "as voltas que o mundo dá!"
-"e as voltas que damos ao mundo..."
- É verdade... nascemos na mesma terra"
- "E até bem próximos..."
- "... e levamos estes anos todos para nos encontramos"
- "Só foi pena ter sido por um acidente de trânsito" - disse o Mercedes ao Opel.
-"e as voltas que damos ao mundo..."
- É verdade... nascemos na mesma terra"
- "E até bem próximos..."
- "... e levamos estes anos todos para nos encontramos"
- "Só foi pena ter sido por um acidente de trânsito" - disse o Mercedes ao Opel.
sexta-feira, 12 de março de 2010
E ainda...
A Luzia Lima-Rodrigues fez uma outra versão do haiku postado antes. Eu acho que ficou bem melhor. Obrigado!
entre a blusa e a pele
entra a lua e a mão -
ambas cheias.
entre a blusa e a pele
entra a lua e a mão -
ambas cheias.
quarta-feira, 10 de março de 2010
terça-feira, 9 de março de 2010
Hairóticos / Hairotics
vinda de cima
entre a blusa e a pele -
a mão. Cheia.
from above
between the blouse and the skin -
a hand. Full.
há dez minutos
inclinada sobre a mesa -
ainda não leu nada.
ten minutes passed
bending on the table -
she didn't read anything yet.
entre a blusa e a pele -
a mão. Cheia.
from above
between the blouse and the skin -
a hand. Full.
há dez minutos
inclinada sobre a mesa -
ainda não leu nada.
ten minutes passed
bending on the table -
she didn't read anything yet.
domingo, 7 de março de 2010
Nadaline
Ontem, sábado, foi publicado na revista literária "Nadaline" da Estónia o conjunto de haiku "GAZA". A tradução é de Andres Ehin (já aqui colocada neste blog).
(Como será ler os meus haiku sobre Gaza debaixo da neve? Estou curioso...)
na foto do deserto
cai um floco de neve -
que vai nascer ali?
(Como será ler os meus haiku sobre Gaza debaixo da neve? Estou curioso...)
na foto do deserto
cai um floco de neve -
que vai nascer ali?
sábado, 6 de março de 2010
Prima II (take two)
inexorável como uma borbulha
o ar morno sopra ao de leve
embrulhando
perfumes ainda verdes.
toda a Primavera
está neste vento:
frésias e junquilhos
flores de amendoeira e lírios.
E tu também.
Tu, sem a qual as flores seriam irrisórias
e a Primavera
um espasmo pueril.
o ar morno sopra ao de leve
embrulhando
perfumes ainda verdes.
toda a Primavera
está neste vento:
frésias e junquilhos
flores de amendoeira e lírios.
E tu também.
Tu, sem a qual as flores seriam irrisórias
e a Primavera
um espasmo pueril.
Prima II
É por agora que a terra se rende à Primavera.
Estava eriçada nos seus frios,
na radicalidade dos seus ventos,
o chão apertado pelas chuvas,
e o sol longo e impotente.
Mas está a acabar o cerco.
Inexoráveis e capciosas as raízes,
os brotos, as azedas,
as primeiras amendoeiras
e os primeiros ventos mornos
agitam em segredo a terra parada.
E ela rende-se alegre a este manso conquistador:
entreabre - e depois escancara - as suas portas
com uma secreta satisfação de ser conquistada.
Como imaginamos a conquista de uma Mulher.
Ou de um Homem.
Estava eriçada nos seus frios,
na radicalidade dos seus ventos,
o chão apertado pelas chuvas,
e o sol longo e impotente.
Mas está a acabar o cerco.
Inexoráveis e capciosas as raízes,
os brotos, as azedas,
as primeiras amendoeiras
e os primeiros ventos mornos
agitam em segredo a terra parada.
E ela rende-se alegre a este manso conquistador:
entreabre - e depois escancara - as suas portas
com uma secreta satisfação de ser conquistada.
Como imaginamos a conquista de uma Mulher.
Ou de um Homem.
sexta-feira, 5 de março de 2010
500
O que se vê quando se olha para trás? Quando olho para trás deste blog vejo que faltam 14 mensagens para chegar às 500. Um dia vou perder um tempito a ver o que tenho vindo a pensar, a sentir, a citar e a esquecer.
Uma ideia para comemorar era fazer um concurso nacional de haiku. Alguém alinha?
quinhentos
muito menos do que graõs de areia
na minha mão.
Uma ideia para comemorar era fazer um concurso nacional de haiku. Alguém alinha?
quinhentos
muito menos do que graõs de areia
na minha mão.
quinta-feira, 4 de março de 2010
segunda-feira, 1 de março de 2010
Heron's Nest 2009
Já aqui mencionei várias vezes a grande qualidade e devoção ao haiku que tem a revista "The Heron's Nest" (literalmente "O ninho da garça".
A revista acaba de dar a conhecer os melhores haiku que publicou no ano de 2009 depois de uma votação entre todos os seus leitores. Aqui fica o resultado:
Grand Prize: POEM OF THE YEAR (18 votes totaling 131 points)
mile high . . .
adding my breath
to the clouds
— Jim Kacian (March Issue)
First Runner-up: (13 votes totaling 106 points)
Milky Way —
maybe tonight
I’ll conceive
— Brenda J. Gannam (December issue)
Second Runner-up: (13 votes totaling 104 points)
graveside —
my breasts
leaking
— Nora Wood (March issue)
Third Runner-up: (14 votes totaling 86 points)
honeysuckle
where you first hear
the river
— Burnell Lippy (September issue)
A revista acaba de dar a conhecer os melhores haiku que publicou no ano de 2009 depois de uma votação entre todos os seus leitores. Aqui fica o resultado:
Grand Prize: POEM OF THE YEAR (18 votes totaling 131 points)
mile high . . .
adding my breath
to the clouds
— Jim Kacian (March Issue)
First Runner-up: (13 votes totaling 106 points)
Milky Way —
maybe tonight
I’ll conceive
— Brenda J. Gannam (December issue)
Second Runner-up: (13 votes totaling 104 points)
graveside —
my breasts
leaking
— Nora Wood (March issue)
Third Runner-up: (14 votes totaling 86 points)
honeysuckle
where you first hear
the river
— Burnell Lippy (September issue)
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