domingo, 30 de janeiro de 2011

Ano Novo

Novo ano -
o que deixei atrás
mantém-me no ar.


New Year -
what I left behind
keeps me flying.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Publish!

Acho que os universitários nunca tiveram tanta pressão para publicar trabalhos científicos. Nunca foi tão verdadeira a máxima "Publish or Parish" (Tradução: "Ou publicas ou morres"). É a escolha.
A minha é:

Publish or Parish!
(I prefer Parish
speciallysh in Spring)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ambiguidades

luzes, perfumes,
música e glamour -
mas aquelas meias...


só quebra o escuro
a brisa do suspiro
pelo meu pescoço.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Mais três de Inverno

está decidido!
Por acima do aquecedor
o ar treme.


núvens com sombra -
hoje o céu
imita Margerite.


folhas secas -
o silêncio vem comigo
mas entre os passos.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Mais um

renda negra fria -
contra o sol do crepúsculo
um pinheiro.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O normal e o terapêutico

Retomo um pensamento de Nélson Mendes - meu excelente professor de há muitas décadas - sobre o que é normal e terapêutico: para uma planta a água é normal ou terapêutica?
Diria eu: o normal torna-se terapêutico quando o normal não funciona. O riso é terapêutico para quem não ri mas o natural é que ele existisse sempre na nossa vida; uma tarde sem pensar no trabalho é terapêutica porque o trabalho tomou a nossa vida de tal maneira que já não é normal não pensar no trabalho... E quando falta o saudável, o normal, o natural, então o que devia ser natural torna-se terapêutico. Tudo o que faz bem, tudo o que é terapêutico não devia, nunca, de ter saído da nossa vida


a planta
toma água
por receita médica.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Janeiro

céu de Janeiro -
agora com as nuvens
vê-se o sol.


a chama da vela
aquietou-se
quando chegaste.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

3 haiku

cheguei
à manhã de um novo dia -
agora é partir.


frondoso pinheiro:
toda a vida lhe bastou
a terra e a água.


o plátano e eu
à espera da Primvera -
um nú, outro vestido.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Chão dos Pinheirais


O poeta José Marins, teve a amabilidade de me enviar a antologia de Haicai editada pelo Grémio de Haicai "Chão dos Pinheirais" (Irati, Paraná, Brasil). Trata-se de uma antologia organizada por Dorotéia Miskalo, José Maria Orreda e Tereko Oda.
Para além de poetas adultos esta antologia inclui também poemas de crianças e jovens. Trata-se de uma antologia intergeneracional e assim proporciona um encontro que talvez só a poesia haicai seja capaz de fazer: juntar diferentes gerações numa base de efectiva igualdade.
Na capa lê-se:

Entre seus morros
Caminham centenas de sonhos
Cidade de Irati.

Parabéns aos organizadores e autores! Bom caminho!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Valer a pena

A letra de um antigo fado de Coimbra rezava assim: "fui ao Mondego lavar/as penas das minhas mágoas". As "penas" que querem dizer os desgostos, os sacrifícios, as tristezas.
E nós dizemos: "Vale a pena?". Literalmente o que se vai fazer vale o sacrifício, vale o esforço penoso? É interessante esta associação entre a actividade e o trabalho com a "pena". "Fui ver tal concerto e valeu a pena". Mesmo no Brasil quando se quer dizer que algo foi bom diz-se "Valeu!"
(Ai esta vida é um vale de lágrimas...)
"Valeu a pena!". ("Valeu a alegria" também serve?)

miar do gato -
está alegre
ou triste?

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Sobrojetivo

Palavra curiosa esta! Objeto - de concreto; objetividade como qualidade daquilo que é sólido, palpável, real, existente. Um objeto. E não só o os palpáveis também os números, as demonstrações, os fatos.
Objetividade a qualidade do que não é treta: é objetivo mesmo. Mas...
Ah, os mas...
Quantas mentiras temos visto em nome da objetividade? Quantas manipulações? Objetivo é o que se mostra. E o que se esconde?... Objetivo é... uma visão que, amparada pelos dados "convenientes" mostra indiscutivelmente uma realidade objetiva.
Daí que o que é inferior ao objetivo seja Subjetivo (Sub-objetivo).
Eu acho que o sub-jetivo não deveria ser escrito como sendo abaixo (prefixo - "sub") do objectivo. Por isso proponho que se diga SOBROBJETIVO (prefixo sobre - por cima) Exemplo: "A sua opinião é muito sobrobjetiva"
É quando somos sobrojetivos que somos verdadeiramente humanos.


PS. Escritos sem os "cês" por casa do acordo ortográfico. I hope it's correct...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

2 haiku de ano novo

da casca de plátano
brota um rebento -
é cedo ou tarde?


Aaron Copland -
o grande céu de inverno
baço e luminoso.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Liberdade

Ah... a liberdade do duche...
O espaço é o mesmo todos os dias
o shampô e o sabonete
raramente mudam,
A sequência dos movimentos é a mesma
cada dia que passa
A toalha segue sempre
os mesmos percursos
e pela mesma ordem...
Isto é que é liberdade!

Receita

RECEITA DE ANO NOVO
Carlos Drummond Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser, novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha ...
...Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.