quinta-feira, 23 de abril de 2009

Haibun

é isso... o intérprete faz toda a diferença não basta o joão sebastião é preciso alguém que lhe penetre na alma a interprete e depois nos entregue o resultado mastigado duas vezes criado duas vezes sonhado duas vezes transmitido duas vezes para o nosso acolhimento hoje ao fim da tarde com o sol baixo já a dourar as paredes das casas ouvi uma das trinta preciosas variações (talvez por isso chamadas Goldberg) transfigurada pelos dedos de ouro de Tatiana Nicolaieva


borboletas
pousam à vez no piano
tarde dourada

3 comentários:

ma grande folle de soeur disse...

bonito :)

Anónimo disse...

Fico é pensando se a interpretação fica mais harmônica vindo antes ou depois do "interpretado"... Pode ser indiferente, talvez.Mas vindo antes, pode "amortecer" o haiku. Depois, pode o "desimpactar".
Sou eu, a pensar pensamentos.

David Rodrigues disse...

Antes ou depois?

É uma boa questão para a qual eu não tenho resposta certa. Bashô escrevia esta forma poética com o haiku no fim mas outros autores usam.no no princípio ou mesmo no meio do texto. Só lhe digo uma coisa: se o haiku repete ou "chove no molhado" em relação ao texto em que se insere é um mau texto. A ideia é que o texto e o haiku se interpenetrem sem se repetir. Honestamente este me parece ser o caso no texto que escrevi.
Obrigado pela sua leitura.
Um abraço,

David Rodrigues