quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Novo ano

agora já posso
arquivar o passado -
que alívio.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Natal (ainda...)

varre o ar ao cair
a última folha
do cedro.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Viajar

zanguei-me contigo:
queria regressar hoje.
Que há mais para ver?!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Junichiro Tanizaki

Há romances haiku? Eu acho que sim. "Diário de um velho louco" (Ed. Relógio de Água) é um livro de 160 páginas onde descortino uma estética haiku. Falar do importante através do vulgar qoutidiano, situar na natureza o que é o nosso mais íntimo sentimento. Trata-se de uma história de amor que aparece disfarçada de história clínica. Portanto esta história do haiku ter só dezassete sílabas... é mesmo uma fábula...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Natal 6

O Natal é a comemoração da chegada, da epifania. Mas da chegada de quê? Da chegada de quem? De quem era esperado ou inesperado? Por quem se anseia ou que só se suporta? Chegada de quê, de quem e para quê?
Festa das Luzes, da Vinda, da Renovação, da Esperança no Futuro. É isso? (E pergunto de novo) É ISSO?

Natal 5

noite de paz?
Abandonar o corpo
só depois do Natal.

Natal 4

olhos fechados...
canções de Natal...
acertei: supermercado!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Natal 3

silenciosa
árvore de Natal:
serra de Sintra.


na cara fria
as luzes da rua -
restolho de gente.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Natal 2

Há um reflexo irremediável
de dor fria e triste
em cada palavra
que fala do passado.
Jesus consola mais a dor
do que atiça a alegria.
Epifania?

Natal 1

cheiro a terra -
no presépio o Menino
mais perto de nós.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Lareira

lareira no Inverno:
do fogo e da madeira
sobe fumo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Chuva

há um incêndio
nesta chuva
que desaba.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Vénus

da noite
só ficou esta estrela
da manhã.

domingo, 30 de novembro de 2008

Gravura de Hokusai


Veio-me parar à mão esta gravura da série de vistas do monte Fuji do famoso artista Hokusai (1760-1849).
É uma boa inspiração para escrever haiku, que acham?

sábado, 29 de novembro de 2008

Haiku na Universidade

A forma enxuta, directa e objectiva do haiku tem sido muitas vezes usada para suscitar uma primeira abordagem à produção de linguagem poética. Lembro Maria Kodama, viúva de Jorge Luis Borges, que editou um livro de haiku de crianças e jovens. O "Colégio da Torre" em Lisboa tem também feito com os seus alunos trabalho com haiku.
Os meus alunos da Faculdade de Motricidade Humana, foram na semana passada desafiados a escrever haiku. Alguns mandaram-me o resultado. Aqui fica o registo com os votos que eles nunca se afastem durante a vida da poesia para que a poesia não se afaste deles.
E recebam um abraço amigo!


Sentada no barco,
Sem tempo de partida,
Rumo incerto...

Ana Catarina Alves



A ave
Dança
Com o vento


O vento
As folhas
A sua comunhão

Tânia Silva



O sol brilha
Na manhã fria
E aquece-me.

Vanessa Martinho


A árvore
Balança ao vento
Como uma folha

Andreia Rodrigues


Dançam, a um canto
As folhas do jardim,
Levadas pelo vento.


Andreia Luís.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Já saiu.

E pronto! Já está cá fora o pintaínho a "Respirar" o ar fora do ovo. Chegaram-me ontem os primeiros exemplares. A editora vai agora distribuir o livro pelos locais do costume: FNAC, Bertrand, etc.
As coordenadas são:

"Respirar: 101 haiku", Corposeditora, 2008

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Folhas e vento

As explicações podem ajudar a entender um haiku. Mas ele não pode ficar, na minha opinião, completamente dependente de uma chave que não se alcança. Pode ficar algo oculto mas o poema não pode ser um quebra-cabeças.
Talvez deva então explicar uma sensação que se me revelou sobre as coisas que enchem a nossa vida (com que vamos enchendo a nossa vida) e que parecem... que parecem "isto":


fiquem aqui, folhas!
Junto à falésia!
O vento já vem.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Yukio Mishima

Nunca é demais ler os romances de Mishima. A poesia está lá presente com elegância e pertinência. Olhem este excerto de "O marinheiro que perdeu as graças do mar":

"Por fim, sacudindo todo o porto e vibrando em todas as janelas da cidade; assaltando cozinhas onde se preparava o jantar e sórdidos quartos de hotel onde os lençõis nunca são mudados, e mesas de estudo à espera que as crianças cheguem a casa, e escolas e courts de ténis e cemitérios; mergulhando tudo num momento de dor, rasgando cruelmente inclusive os corações das pessoas não envolvidas, a sirene do Rakuyo gritou um último e imenso adeus. Com um rasto de fumo branco o navio fez-se ao largo. Ryuji desaparecia de vista"

Fantástica (triste e inexorável) discrição de uma partida.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Hello Kitty!!!!




Não vão acreditar, mas chegou-me à maõs um livro da "Hello Kitty" (espero que conheçam...) intitulado "Estações do Ano: fotos e haicus". O livro é editado pela editora Madras de S. Paulo e é a tradução de um livro americano chamado "Through the Seasons".


Bom, a originalidade é que as fotografias da ursinha de peluche são ilustradas por haicus (sic...). E sabem? Alguns nem são maus de todo. Leiam este:




pousa a borboleta -


e fica para


o piquenique






domingo, 23 de novembro de 2008

International Haiku Association

Publico aqui o haiku premiado no concurso de 2008 da
The Haiku International Association (Japão):


chichi no hi to dare mo kizukazu owari keri

Autor:
Meguro-ku, Fumio Takabayashi


Father's Day-
it ends unnoticed
by anyone


Na minha tradução:

Dia do Pai
acaba sem ser anunciado
por ninguém.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Comemorações

Comemorar é por marcas no tempo e talvez desvendarmos novos significados no caminho da vida. Hoje tenho duas comemorações para assinalar e compartilhar: uma é que este blog já fez mais de um ano (14 de Novembro de 2007). Neste ano foram colocados quase 300 posts e um pouco mais de comentários. Estou feliz com o que o blog é: um pouco menos que Molesquine e um pouco mais que a gaveta. Queria agradecer às pessoas que se tornaram meus companheiros de caminho.
A segunda comemoração é o 118º (centésimo décimo oitavo) aniversário do nascimento do meu pai (1890). Um homem que não estando comigo há 28 anos me continua a visitar em sonhos, a inspirar a minha vida e do qual tenho sempre saudades.
E com estes dois aniversários, brindo simbólicamente com todos os amigos. Tchim, tchim! E obrigado!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

J.S. Bach

Bach escreveu música para cravo e violino. Divina, como toda a outra que fez. Há pouco tempo ouvi uma destas sonatas para cravo e violino tocada numa audição de alunos de música. Ainda que discreto, notei que o violinista acompanhava a sua interpretação com batimentos do pé na chão (acrescentando assim um instrumento de percursão à sonata). Aproveitei para escrever "isto":

Bach a dois:
um no cravo
outro na ferradura.

Casimiro de Brito

Uma notícia (ou duas): o poeta Casimiro de Brito lança o seu livro "69 poemas de amor" na Bulhosa dia 12 de Dezembro pelas 18h00. No dia 15 na SPA há a cerimónia de entrega dos prémidos do PEN Clube. Entrada livre.
E o haiku de hoje:

Sala de espera:
brinca debaixo das cadeiras
criança com febre.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

David Mourão-Ferreira

A minha amiga Lurdes, alertou-me para o livro "entre a sombra e o corpo" publicado em 1980 pelo grande poeta David Mourão-Ferreira. Este livro contém 30 poemas de três linhas que o autor previne no prefácio não serem haicai por não terem a métrica 5-7-5 mas sim 6-6-3. Mais a adiante escreve o autor: "(o leitor..) dirá ainda se estes falsos haicai lhe parecem ou não verdadeira poesia. Para mim constituiram eles, sobretudo, o apaixonante ensejo de tentar dizer, do modo mais condensado - e com possibilidades de mais de uma leitura - muito do que há muito, ou desde sempre, me venho esforçando por exprimir".
E aqui, neste blog, se conjugam então as palavras de um grande poeta com amizade de uma grande amiga.
Deixo duas amostras dos tais "falsos" haicai ("verdadeira poesia": está a brincar connosco?):

Manhã cedo as cigarras
em silêncio preparam
suas árias

Ao meio-dia em ponto
entre a sombra e o corpo
o encontro

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O Tao do Haiku

Tao em chinês significa caminho. Tao é (como caminho) uma palavra muito bonita; não só pelo som doce de todas as suas vogais mas sobretudo pelo seu significado. Para mim não há melhor palavra para definir a vida.
Escrever haiku é uma forma de estar e fazer opções neste caminho. Mas há um Tao do haiku que não se esgota da linguagem. Tive a prova disso quando estive num encontro que a Lucília Saraiva inventou entre quem escreve haiku e quem faz esboços instantâneos da realidade à volta. (Que sensibilidades e traços fantásticos...)
O Tao do Haiku pode-se desenhar, escrever, compor, dançar, representar, (...) É preciso é caminhar...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Respirar: 101 Haiku

É bom ter amigos literatos. Uma voz amiga lembrou-me que já havia em português um livro chamado "Respirar" sobre a poesia de António Ramos Rosa e outro chamado "Respiração" de José Ângelo Gaiarça. E os livros que têm no título "respirar + qualquer coisa" (tipo "arte de respirar"ou "respirar o instante") são ainda mais numerosos. Mas a verdade é que não consigo encontar melhor título para um livro que organizei em "inspirar, expirar e transpirar". Que fique então "Respirar: 101 haiku" e que a diferença se veja no miolo e não no título.

E o haiku de hoje:


como uma enxurrada
o vento atravessa
os plátanos

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ban'ya Natshuishi and the tile

The Portuguese poet Casimiro de Brito went to Tokyo to a Poetry Festival organised by the Japanese poet Ban'ya Natsuishi. I asked Casimiro de Brito to give to Ban'ya a small Portuguese souvenir from the times that Issa was writting poetry. Ban'ya published on his blog the folowing text - That I can't traselate - about the Portuguese tile, Thank you Ban'ya!

http://banyahaiku.at.webry.info/200811/article_8.html



東京ポエトリー・フェスティバル2008出演の海外詩人から、いろいろ贈り物をいただいたが、最もユニークなのは、ポルトガルのタイル。カジミーロ・ド・ブリトー (Casimiro de Brito) が、友人のダヴィード・ロドリグス (David Rodrigues)から預かってきた。

ダヴィード・ロドリグスは、リスボンの大学教授、世界俳句協会会員。このタイルは、250年前のもので、小林一茶が生まれたときに作られたというメッセージが添えられていた。タイルには、ヨーロッパでよく見られる、様式化した百合の花が描かれている。調べてみると、小林一茶が生まれたのは、1763年。いまから245年前。    一茶の国へと空飛ぶタイルをブログに据える    百合の花咲くタイルは一茶の同級生  夏石番矢





segunda-feira, 3 de novembro de 2008

ânsia

gota a gota
o cacto poupou água -
depois veio a cheia.


drop by drop
the cactus saved water -
then came the flood.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Boas Notícias / Good news

No fim de Novembro (data prevista) sairá o meu novo livro de poesia haiku: RESPIRAR: 101 Haiku. O livro está dividido em 3 partes: Inspirar, Expirar e Transpirar. Vai ser editado por uma nova e dinâmica editora de Vila Nova de Gaia chamada CORPOSEDITORA. O prefácio (excelente) é da autoria do poeta e professor brasileiro Paulo Franchetti. E mais não digo... agora é esperar que apareça o pintaínho...
(Grande ideia para darem de prenda de Natal...)



In the end of November, my new book of haiku poetry will be published. The title is RESPIRAR (BREATH) : 101 haiku. It's organized into 3 parts: Inspiration, Expiration and Transpiration. It's published by a new and dynamic publisher CORPOSEDITORA from Vila Nova de Gaia. The excellent preface is authored by Prof. Paulo Franchetti (Brazil). And now let's wait for the newborn chick.
(What a great idea for Christmas presents...)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Outono 1

Este sol de Outono
recorda mais o Verão
que o Inverno.

This Fall's sun
reminds me more the Summer
than the Winter.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Um não haiku A "non" Haiku

Queimei as pontes
que me trouxeram aqui
nevoeiro à frente.

I burned the bridges
that brought me here
fog ahead.

Outono hoje

Manhã parada
pássaros em bicos de pés
luz de gaze.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Swallow

um pássaro ferido
suga a luz de Outono -
chegou o Inverno?

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Dia 8 de Outubro

Ontem, como previsto e aqui anunciado, aconteceu a oficina de Haiku na semana "Portugal ao encontro do Japão" na Sociedade de Geografia de Lisboa. Eu e a Leonilda Alfarrobinha durante quase duas horas falamos e ilustramos o que é, para nós, o haiku. Desafiamos os participantes para escrever um haiku de Outono e depois comentamos. Fica aqui para registo um belo haiku escrito por uma das participantes, Rosa Maria Shimizu

Folhas de fogo
nos socalcos do Douro
fim da vindima.


Outra das participantes, Genoveva Faísca, escreveu um outro haiku que, por eu não me lembrar exactamente da forma com que ela o escreveu, aqui o recrio, com um sorriso:



Redondo o mundo:
uma planície de cores
na mesa do geógrafo.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Surf

Incha o mar
será esta a onda?
Ainda não foi...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Sociedade de Geografia

Ontem na Sociedade de Geografia de Lisboa houve uma sessão de homenagem ao embaixador Martins Janeira grande estudioso e divulgador da obra de Wenceslau de Moraes. A sessão foi interessantíssima assim como a exposição que está patente esta semana da SPL que tem para além numerosos documentos do embaixador Martins Janeira e do consul Wenceslau de Moraes, um conjunto lindíssimo de gravuras japonesas (Utamaro, Hirosigue, Hokusai, etc.).

domingo, 5 de outubro de 2008

Natureza

Montanha e céu.
Vesti-me de verde e azul
mas não ficou bem.


Mountain and sky.
I dressed of green and blue
but didn't match.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Noite de chuva / Rainy night

Chuva mansa
bafo quente da cama
no meu pescoço.

Quiet rain
and the hot buff of the bed
on my neck.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Dizer o suficiente...

A poesia haiku procura a frugalidade das palavras. Um exagero e um erro seria considerar que qualquer forma menos frugal seria redundante ou inútil... Cada coisa no seu lugar...
Vem isto a propósito de um poema que escrevi e do qual saiu um haiku. Neste caso, parece que o essencial ficou plasmado no haiku. Mas, nada como ler:

Na última noite
em que o sonho era
ainda possível,
quiz atrasar a chegada do sol.
Mas recebi a inexorável manhã
como um jorro de água
limpa e óbvia
que embebeu o chão
e o preparou para receber
o próximo sonho.


E agora leiam o haiku que foi postado ontem.

sábado, 27 de setembro de 2008

Ontem

o húmus
para o sonho de hoje
é o sonho de ontem.


the humus
for today's dream
is the dream of yesterday.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Ver o mundo através de... To look at the world through...

Aprendi que na medicina tradicional chinesa o doente quando encontra o médico não aponta para o seu corpo mas para um boneco para lhe dizer onde se situam as suas queixas.
Lembrei-me disto a propósito do haiku. No haiku reforça-se a sugestão em lugar da descrição. O poeta de haiku usa a Natureza tal como o doente usa o boneco: para falar de si, para desenhar uma distância que o impeça de se confrontar com as suas emoções num estado mais primitivo. Falo de mim através da Natureza e ao falar dela, a minha dor, o meu amor, a minha alegria ou tristeza já vão embrulhadas numa representação que (quem sabe...) melhor me ajudará a lidar com elas...

neste caminho
ladeado de árvores mortas
tanta gente apressada.


I learned that, in the Chinese traditional medicine, the patient never points to his/her body: shows the doctor the simptoms pointing to a puppet. I remembered this about haiku. When one writes an haiku we use Nature as a intermediate to speak about ourselves, like the Chinese patients use the puppet. Using a intermetiate, the joy, the pain, the sorrow and the hapiness, appear already elaborated. And through such an image(maybe...) will be easier to live those emotions and feelings.

on this road
flanked by dead trees
so many people in a hurry.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Bambu

Crescem e vergam
lado a lado e sem partir
os bambus.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Haiku e Educação

São inumeráveis os trabalhos de haiku que têm sido desenvolvidos com crianças no âmbito de várias matérias educativas. O ensino da Geografia, Ecologia, Poesia, Literatura, etc. têm-se servido da estética haiku para incentivar os jovens a comprometerem-se na aprendizagem de forma mais activa. Queria só lembrar uma excelente antologia de Haiku produzida pelos alunos do "Externato da Torre" (Lisboa) e o trabalho "O caminho do Haiku" feito por Maria Kodama, viúva do escritor Jorge Luis Borges.
Desta vez o exemplo vem do Brasil. Um professor - João Toloi - ganhou um prémio no Concurso Paulo Freire com os haiku escritos pelos seus alunos. Pode conferir a entrevista com este professor em:

http://www.youtube.com/watch?v=tHCJY0_twbc

domingo, 21 de setembro de 2008

Tejo

Correm para mim
as pequenas ondas do Tejo
como poodles felizes.

Run to me
the little waves of the Tagus
like happy poodles.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Espera...

Esperando a queda
olhei todo o Verão para o figo
mas ele mirrou.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sintra

Sintra no Verão -
há sim o negro entre o verde
mas azul entre o branco.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Yao Jingming (Pequim, 1958)

Do livro "Na Barca do Coração" de Casimiro de Brito. respiguei este poema de Yao Jingming, que me evoca algumas "dificuldades" democráticas na China


Na minha pátria


Na minha pátria
a porcelana tem mais de dez mil formas
mas qualquer delas é tão frágil
como a incurável ferida.

Na minha pátria
todas as sedas são pele de água
tecida pela morte do bicho da seda
no inumerável cair das folhas.

Na minha pátria
quase todos têm ao peito um bule de chá
mas o chá tão milenar
mesmo em gesto de alquimia
nunca torna o tempo num reino tranquilo.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Mais uma contribuição da Melissa (3 anos)

Já tinha publicado textos dela e este acaba de jorrar espontâneamente enquanto brincava sozinha com os seus bonecos de príncipes e princesas...



Abriu a porta do castelo
e toda a Primavera
estava lá.



Boa, Melissa!

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Espaço Publicitário

Caros amigos:

Como já tinha dito aqui, dia 8 de Outubro na Sociedade de Geografia de Lisboa e no âmbito de um ciclo temático sobre "Portugal ao Encontro do Japão", vou realizar em colaboração com a Leonilda Alfarrobinha um worlkshop de haiku.
Era muito bom que aparecessem para estreitar laços.
Aqui segue o texto introdutório do workshop:


Oficina de Haiku

Dia 8 de Outubro, Sala convívio, 18:00hrs ~19:30hrs – 20 a 30 participantes
Orientada por David Rodrigues e Leonilda Alfarrobinha

A origem da criação poética no Japão perde-se na noite dos tempos, mas diz-se que tem as suas raízes no coração humano. Um dos géneros poéticos tradicionais, o haiku ou haikai, surgiu no séc. XVI, tem sido cultivado até aos nossos dias e salienta-se na literatura universal pela sua forma de expressão breve e concisa. O poeta deve expressar-se em apenas três versos evitando repetições e palavras supérfluas. A Natureza desempenha um papel importante nesta forma de poesia. A simplicidade e a serenidade são valores estéticos essenciais.
Nesta oficina pretende-se dar a conhecer um pouco da história e das características deste género poético, apresentar obras e poemas e motivar os participantes para a escrita de textos originais.
David Rodrigues é professor universitário, investigador e poeta de haiku. O seu livro Estações Sentidas – 111 Haiku, é uma das poucas obras do género publicadas em Portugal.
Leonilda Alfarrobinha, professora de Português e estudante de língua e cultura japonesa, é também poeta de haiku e publicou recentemente o livro, O Respirar das Flores, ilustrado por uma pintora japonesa.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Cheguei

Estou de regresso. Quando se escreve num blog não sabemos para quem. Talvez seja muitas vezes mais um organizador interno do que uma comunicação... bom. mas o certo é que cheguei (whatever it means...).
Venho de sentidos a transbordar de realidades surpreendentes e belas. Elas vão lentamente vazar para o teclado.
Claro que visitei a Grande Muralha. Fui com o meu sobrinho que usa cadeira de rodas. E aqui fica:

cadeira de rodas
cruza a Grande Muralha
o vento também

sábado, 6 de setembro de 2008

From China, with love...

Hoje em Beijing tentei comprar poesia chinesa em versão bilingue. Não tive sorte. Mas a poesia está muito presente na forma como o Homem organizou o olhar para a Natureza. Fala-se em raízes chinesas do haiku. É impossível não as crer depois de passear, por exemplo, pelos jardins da Cidade Proibida ou do Palácio de Verão.

livre
o cedro cresce
na cidade proibida.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

China

Duas semanas de interrupção no blog por causa de uma viagem à China. A ver se o "Império do Meio" continua a inspirar poesia. Em mim.

domingo, 24 de agosto de 2008

Figueira

Figueira sem folhas
vai rebentar de frutos
e eu a olhar para ela.

sábado, 23 de agosto de 2008

Outono

Noite de vento
amanhã as ruas
vão ter lixo novo.


Wind through the night
tomorrow the streets
will have new trash.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Debussy

Claude Debussy:
o suor no dorso
do cavalo a passo.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Alva

Com a primeira luz
vejo a névoa passar pelos montes.
Que silêncio!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Primo Vieira

Pela mão do poeta Casimiro de Brito, tive acesso ao livro “Borboletas Brancas - Haicais” de Primo Vieira livro editado em Goiás em 1967. Deixo convosco 3 poemas deste poeta elegante e simples:

Ponto de Interrogação

Um colo de cisne
na página azul do lago
interroga o dia...


Insónia

Na noite que dorme,
que grilo é esse acordado
dentro da consciência?


O mosteiro

O mosteiro dorme,
rosa noturna de pedra.
que perfume... a paz.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Eclipse

sombra na lua:
é difícil aceitar menos
que lua cheia.


a shadow on the moon:
It's difficult to acept less
than a full moon.

domingo, 17 de agosto de 2008

Haiku e Jogos Olímpicos

Mais alto. mais longe e mais forte. Os Jogos celebram o "mais". A retórica da participação é marginal...
Com o haiku não se procura o mais (nem mesmo o mais curto); procura-se o suficiente. Procura-se a expressão mais lídima do espírito humano, que tal como a Física, encontra a sua maior complexidade ao lado da maior simplicidade.
O que importa nos jogos é como cada pessoa e equipa resolvem os problemas que se lhes põem. E são normalmente as soluções simples que são bem sucedidas.

Dez anos
para correr dez segundos.
Foi sonho ou pesadelo?

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Brasil no Inverno


Em Agosto é Inverno no Brasil. Curto, moderado mas brioso. Mesmo com o frio, a Natureza não se retrai e isso mostra esta foto.
Quem a mandou foi a Ivany Lima, de Jundiaí, uma poeta que escolheu escrever poesia com o olhar.

Obrigado!


segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Girassol

Borbulha vida
dentro da vida
do girassol.

domingo, 10 de agosto de 2008

Italo Calvino e o Haiku

No princípio dos anos 90 do sec. passado o escritor italiano Italo Calvino publicou um livro de grande impacto. Chamava-se "Seis propostas para o próximo milénio". Nele, Calvino propunha seis características que, na literatura e na vida, haviam de cunhar as acções no século XXI. Eram elas:

leveza,
rapidez,
exatidão,
visibilidade,
multiplicidade e
consistência.

Já pensaram como é que estas propostas calçam como uma luva na poesia que nos junta, o haiku?

Ainda os hairóticos

Como já disse aqui, a lista de discussão de haiku brasileira "haiku -l" tem estado a discutir e publicar haiku eróticos. Foi uma descoberta saber que todos os haidjin tinham na gaveta uns haiku "para maiores de 18 anos". A produção é enorme (e eu tenho contribuído) mas queria deixar aqui dois deles de um poeta de que só sei um nome: Pimentel. Vejam lá se eles não têm aquela brejeirice tão latina quando se aborda o erotismo...

Promíscuo xadrês.
O bispo come a rainha
nas barbas do rei !

Em teus olhos, o verde
em tua boca, o vermelho.
Paro ou continuo ?

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ainda há para onde olhar?

Nos últimos dias andei a olhar para os olhares. E encontrei olhares incompreendidos de crianças, olhares tristes e angustiados de idosos, olhares artificiais, "plásticos" e impacientes dos adultos...
Nem os animais escapam: olhares de vidas sem um sentido que não seja carne para o prato ou de uma draconiana disciplina em troca da efémera sobrevivência.
E o olhar para a Natureza? Os bocados aprazíveis e nos fazem suspirar a alma estão tão confinados que parecem cenários.
Há (ainda) olhares e lugares para olhar? Claro que sim... mesmo os vazios e tristes têm uma mensagem mas... cada vez mais o sentido, a história, tem que ser criada por quem vê. Assim rompeu a arte no século XX com o belo e com a imitação.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Açores III / Azores III

Do vento, na ilha,
só permanece o momento
em que ele parte.




From the wind, in the island,
only the moment of its departure
remains.

Açores II

Alguém deixou este comentário em forma de haiku. Gosto da inevitabilidade com que o vento das ilhar pertence ao mar...

Vento sobre a terra
Sopra sempre do mar
nas ilhas

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Açores

Vento sobre o mar
empurra para sul as velas.
No cais, vou com elas.

Wind over the sea
pushes the sails to south.
On the shore, I go with them.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Barcos de Verão

Proa ou leme?
O teu peito abre
o caminho.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Agua de Verão / Water in Summer

Que água pesada
cai na bacia da fonte!
Tarde de Verão.


What a heavy water
falls in the fountain pond!
Summer afternoon.

domingo, 27 de julho de 2008

Senhoras e senhores: mais um haijin!

Desta vez é Paulo Roberto Cechetti poeta brasileiro de Niterói que acaba de editar um livro de haikai eróticos. Ainda não lemos este último livro mas aqui ficam dois haikai da sua autoria para abrir o apetite...

Solidão

Essa solidão à mesa,
em pleno almoço:
mastigar a vida!

Motocicleta

Na rua de lua,
um vaga-lume eletrônico:
a motocicleta.

Espelho meu...

- Espelho meu,
há alguém mais burro do que eu?
- Há: a Bronca de Neve!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Fim de semana / Week end

Fim de semana
os passaros também parecem
mais alegres.


Week end
birds seem happier
too.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Uma variação...

Livre da gaiola
o canário vôa à tardinha.
Carpe diem!

Vôo do canário / The canary flight

Ao fim do dia
um canário em vôo errante.
Carpe diem!


At twilight
a canary flies wandering.
Carpe diem!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Urubus

Em Portugal não temos urubus. Numa visita a Florianópolis lembro-me de os ter visto pela primeira vez de perto e ter ficado "grudado" no seu andar rápido aos saltos e no seu andar lento, oscilando o corpo de um lado para o outro, como velhos cheios de artroses. E é em memória destas memórias com sabor brasileiro que aqui vai:


Urubus na praia
tirando sarro dos barcos
parados no mar.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Autoclismo.../ Flushing...

No meio da noite
o turbilhão da descarga.
Fica o silêncio a sarar.


In the middle of the night
the flush of the toillet.
The silence is healing.

Pardal / Sparrow

Caiu do ninho.
Não havia nada a fazer
e ele não sabia.


Fall from the nest
nothing was possible to do
and he didn't know.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Paulo Franchetti


Já falei algumas vezes de Paulo Franchetti, professor de literatura da Universidade de Campinas (São Paulo) que além de poeta, dá uma contribuição imprescindível para o estudo da poesia haiku em português. Aqui fica a capa do livro "Oeste" que recentemente editou no Brasil (Ateliê Editorial) com todos os haiku traduzidos para japonês por Masuda Goga.


I mentioned a few times in this blog the name of Paulo Franchetti, professor of Literature in the University of Campinas (São Paulo). Besides his important contribution as a poet, he provides an outstanding contribution to the development of haiku in Portuguese. Here the cover of his last book "Oeste" recently edited in Brazil, with Japanese traselations by Masuda Goga.

domingo, 20 de julho de 2008

Haiku Society of America

Dear friends:

The journal "Flogpond" published by the Hailu Society of America will include on its Fall issue a haiku I wrote:

Sunset upon the lake
the babble of the day
echoes in me alone.

(I hope you like it too...)

sábado, 19 de julho de 2008

Na praia / In the beach

Borboleta branca
atordoada pelas cores
dos guarda-sóis.


White butterfly
dizzy by the colors
of the umbrellas.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Crisântemo

Anda mais devagar!
Despenteaste o crisântemo
com a pressa.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Coração...de cristal / A heart made of cristal...

Da janela aberta
o coração de cristal
semeia arco-iris.


From the open window
the cristal heart
seeds rainbows.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Basho


Acabo de receber este livro "Basho: The Complete Haiku" que é um livro lindíssimo. Para além dos 1012 haiku que se atribuem a Basho, este livro tem extensas notas sobre cada um destes haiku. 430 páginas de puro deleite para os amantes de haiku.


I just received this book :"Basho: the complete haiku". It´s a beautiful book. Besides the 1012 haiku written by Basho, there are more that 200 pages of notes about each one of the poems. It's 430 pages of pure delight!

domingo, 13 de julho de 2008

Penas / Feathers

Pardal à chuva
arrepiei-me ao vê-lo.
(Onde estão as minhas penas?)


Sparrow in the rain
chills me when I see it.
(Where are my feathers?)

sábado, 12 de julho de 2008

Hoje / Today

Hoje vi o passado
quando olhei para a poça
que tinha saltado.


Today I saw the past
when I looked the puddle
I had just jumped.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

One haiku a day, keeps the doctor away...

Dicionário ilustrado
o novo da minha infância
já está no museu.


Illustrated dictionary
the news of my youth
is alredy in the museum.

terça-feira, 8 de julho de 2008

"Burajiru" de Nelson Savioli (Ed. Qualitymark), 2007

Tenho na mão um livro de haicais do poeta brasileiro Nelson Savioli. É um livro de formato pequeno mas cuja dimensão engana: é pequeno mas trabalhado como uma gema.
Escreve uma introdução onde para além das características mais comuns diz que o haicai deve ter Kigo (termo de estação), sabi (solidão e tranquilidade), wabi ( beleza das coisas simples) e karumi (leveza).
Depois, publica os seus hacais tendo 40 páginas (!) de notas sobre cada um deles! Depois de dois apêndices "Haicai no mundo corporativo" e "O Português no Cotidiano japonês", tem uma competente lista de bibliografia, indice remissivo e ainda (last but not least) agradecimentos.
Estão a ver o que eu dizia do livro: pequeno mas arrumado como um ninho de sabiá...
Parabéns Nelson!
O mais importante (?). Dois poemas do livro:

As rugas sumiram
do rosto do anfitrião.
Chegou a Primavera!

Geada na serra
Na borda do copo brilham
nossas digitais.

Futebol / Football

A vida não tem
prolongamento: passa logo
aos penaltis.


Life doesn't have
extra time: goes directely
to penalties.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Encontros...

Está a desenvolver-se no grupo de discussão da internet "haiku - l" uma interessante discussão sobre as inspirações comuns que muitos poetas têm quando compoêm haiku. Tem-se argumentado que o haiku tendo uma temática definida e uma extensão muito curta é mais atreito a estas "inspirações comuns" que por vezes podem ser incómodas.
Tenho um exemplo pessoal para contar.
Publiquei no meu livro "Estações Sentidas: 111 haiku" o seguinte haiku:

Nas folhas de Outono
cai cavo e pesado o ouriço
sorri a castanha.

O agora descobri que Albano Matins publicou antes este:

Castanha
é a cor do sorriso
do ouriço.

Vamos só dizer que estou em boa companhia (espero que Albano Martins também esteja...)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Um convite /An invitation

Não tem muito a ver com o Haiku mas... tem a ver comigo. O Dixie Gang é uma banda de Jazz tradicional da qual eu faço parte, como pianista. Nos dias 11 e 12 o Dixie Gang convidou a Paula Oliveira para cantar connosco e vamos dar dois concertos no Hot Clube em Lisboa. Todos são cordialmente convidados!

It's not connected with haiku but it is connected with me. Dixie Gang is a band of traditional jazz that I belong as pianist. Next 11th and 12th, Dixie Gang will invite the jazz singer Paula Oliveira and we give two concerts in the Hot Clube in Lisbon. Everybody is welcome!

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Buraco azul /Blue hole

Houve uma árvore
mas só restou este céu
como um buraco azul

There was a tree
but only this sky remained
as a blue hole.

Macieira

Tanto me segurou
e só agora a macieira
parece cansada.

Only now,
after holding me for so long
the appletree looks tierd.

Mahler

Mahler. E de repente,
uma flor de jacarandá
no pára-brisas

Mahler. And suddenly
a jacarandá flower
on the windscreen

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Um haiku do Mestre Goga

Planto hoje uma muda,
amanhã, duas ou mais,
sonhando com a mata.

H. Masuda Goga

domingo, 29 de junho de 2008

Castanheiro ainda...

Pousa-me aos pés
a primeira folha de Outono
e levanto os olhos.

sábado, 28 de junho de 2008

O Haiku é sempre no presente?

O poeta e linguista Paulo Franchetti, lançou uma dúvida numa lista de discussão sobre haiku (haikai-l) se o haiku deveria sempre ter os verbos no presente. Mandei para a lista esta contribuição que compartilho com os meus leitores:~


Paulo e amigos do haiku –l:
Fico centrado na pergunta (ao mesmo tempo estimulante e sapiente) de PauloFranchetti, e segue a minha contribuição:
1. Na sua exacta dimensão temporal, o haiku nunca é presente: é sempreuma reminiscência de um passado. Mesmo que tivessemos um papel e uma canetasempre à mão...O haiku tem sempre algo de “arqueologia de sentimento e deemoções”. Claro que para lhe dar mais verosimilhança o fazemos desfilar numcenário presente mas um presente que à semelhança do tempo verbal se deveriachamar “pretérito presente”.
2. Parece-me que o “pathos” do haikai é o de “um” momento.Pessoalmente é-me irrelevante se foi um momento passado ou se simula ser(porque nunca é) imediato.
3. O processo de “arquivamento” destas emoções, (tal como a sua“reactivação”) contextualiza-as e necessariamente lhes retira a algumaespontaneidade (vemos isto bem nas emendas que fazemos aos nossos haikais).Eu até já escrevi haikai de emoções que nunca senti e só imaginei...
Um abraço para todos.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Castanheiro

O sol vai ficando
nas folhas do castanheiro
até as torrar.

Filosofices VIII

Só em três linhas
a poesia alarga
o grande mundo.

domingo, 22 de junho de 2008

Ontem/ Yesterday

A luz sobe
com a poesia e a música
solstício de Verão.

Nenhuma noite
tem mais claridade que esta
solstício de Verão.

Digam lá se gostam.../ Say if you like...


Comprei algumas gravuras japonesas muito bonitas com cenas de teatro No. Podem ver acima uma das tais... (Para que serviriam elas se mais ninguém pudesse as pudesse ver?)
E a descrição da gravura em inglês:
This woodblcok print is a one of scenery from noh done by well known artist of Noh,Kougyo Tsukioka dated Taisho 14(1925).It is done so beautifully in fill colors with Kougyo's signature and stamp on the bottom.

sábado, 21 de junho de 2008

Solstício

Hoje é o dia
em que a luz entra mais
na noite.

Hoje os pássaros
cantam mais e o sono
vem mais tarde.

Há vida de noite
mas a minha é de dia
hoje tenho um bónus.

Abençoada noite!
já estava cansado
de tanto sol.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Andorinhas

Quem desenha
o vôo das andorinhas
são as moscas.

No lento trânsito... / In the traffic jam...

Um sorriso!!!
Alguém atende um telemóvel
na fila do trânsito.


A smile!!!
Someone answers a celular
in the traffic jam.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Convite e texto de Casimiro Vaz






C.Vaz

21.06.2008

Solstício de Verão



Dependendo de estrelas, planetas,
De seus movimentos e rotação;
Carcavelos saúda o Solstício de Verão.

Com música e poesia e
As ondas do mar por companhia,
Celebram o indiferente cruzar
Das orbitas do Sol e da Terra
Nesse dia.

Despedida

Agora,
que de vez te foste embora,
eu pergunto: E agora?

terça-feira, 17 de junho de 2008

O de hoje... / Today's special

Na areia as gaivotas
e não penso senão nelas
até a noite chegar.

Seagulls in the sand
and I only think on them
till night comes.

Uma história moral

Recolhi da internet e achei que valia a pena ler:

Dois lobos
Certa noite um velho Cherokee falou ao seu neto sobre uma batalha que se trava no interior das pessoas. Disse ele, “Meu filho, a batalha é entre dois ‘lobos’ dentro de cada um de nós.
Um é o Mal. É raiva, inveja, ciúme, remorsos, cobiça, arrogância, auto comiseração, culpa, ressentimento, complexo de inferioridade, mentira, falsa modéstia, e egoísmo.
O outro é o Bem. É alegria, paz, amor, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e confiança.”
O neto pensou um minuto e perguntou ao avô: “Qual dos lobos ganha?”O velho Cherokee respondeu simplesmente, “aquele que tu alimentas.”

domingo, 15 de junho de 2008

Um desenho de Ana Oliveira (lindo...)


(Clique na imagem para a tornar maior /Click on the image to make it bigger).

Folha Verde / Geen Leaf

Cai da árvore
uma folha ainda verde.
- Tenho de ir, é tarde!


A leaf still green
falls from the tree.
- It's late, I must go!

Alentejo

Só se ouve
nesta manhã de Primavera
a brisa nas pétalas.

The only sound
in this Spring morning
is the breeze through the petals

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Junho / June

No regresso a casa
o carro parece cansado:
tardinha de Junho.

Returning home
my car seems tired:
June's twilight.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Filosofices VI (Depois de /After Picasso)

Tanto tempo leva
para ficarmos jovens
que só lá chegamos velhos.


It takes so long
to be young
that we only get there when we are old.

Filosofices V

Suspeito que tudo
seja tão simples,
que a forma como queremos entender
já mostra que não podemos entender nada.

Filosofices IV

Quanto de mim
pertence à natureza?
O que sobra de quem é?

terça-feira, 10 de junho de 2008

Filosofices III

Há alguma mão
que arranque da terra um cedro
como uma erva?

Filosofices II

Para a borboleta
é uma grande segurança
pousar na folha.

Filosofices...

Natureza e eu:
uma pouco maior que o outro
ambos tão efémeros...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

E agora em Japonês...

As pedras das calçadas 歩道の石
como os estilhaços de sonhos ばらまかれた
deixados para trás.       夢の破片

domingo, 8 de junho de 2008

Haiku em movimento

Vôo da gaivota:
meu olhar não o congela
vai com ela.

sábado, 7 de junho de 2008

Entre os Sessenta /Among the Sixty

A revista japonesa "Ginyu" publicou o que considera os melhores 60 haiku de 2007. Entre estes estava um que eu escrevi. Aí vai ele:

Pedras das calçadas
como estilhaços de sonhos
deixados para trás.


The Japanese Journal "Ginyu" published the best 60 haiku of 2007 on its best judgement. Among these 60, one that I wrote:

Stones of sidewalk:
like fragments of dreams
left behind.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Avião II / Plain II

O sol piscou
ah, é só a sombra
de um avião.

The sun blincked
ah, is only the shadow
of a plain.

Um avião / A plain

Pelo chão de erva
corre uma sombra
um avião que passa.


Through the grass
runs a shadow
a plain is passing.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

É ou não é?

Isto não é um haiku:
e daí?
(é porque não fala de caqui?)


Mas este é um haiku!
E porquê?
Fala de Inverno, tem kigô!


Quando o haiku
te tentar limitar
manda-o mas é passear!


Pode não ter métrica
o haiku, nem natureza.
Mas sem poesia? Oh que tristeza...


Queria falar de ti
mas só três versos não chegam.
Fico contigo ou com o haiku?


Talto olhei para os kigos
pró presente e se a métrica acertava
que nem sei do que o haiku falava.


É ou não é?
Eu cá não sei...
Mas se mexe contigo... é um haiku.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Mestre Goga

Mestre Goga, um dos expoentes cimeiros da poesia Haiku no Brasil, faleceu há dias com 97 anos. Este poeta deu uma incansável e inestimável contribuição para a divulgação do Haiku em português. Deixo aqui a minha simples homenagem:

Tinha-me esquecido
que deste caqui só fica
a lembrança.


Mestre Goga, one of the most important haiku poets of Brazil, died some days ago with 97 years. This poet provided an outstanding contribution for the dissemination of haiku poetry in Portuguese. Here my humble tribute:

I had forgotten
that from this persimmon
only memory remains.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Mariposa / Butterfly

Aquela borboleta
parada ou a voar
nunca perde tempo.


That butterfly
quiet or flying
never waste time.

Musgo / Moss

Musgo de Primavera
o que sobra da voz
de encontro à pedra.


Moss in Spring:
what is left from the voice
against the stone.

sábado, 31 de maio de 2008

Pinheiro /Pine tree

Pinheiro manso:
o tempo parado
manhã, tarde e noite.

Pine tree
the time has freesed
morning, noon and night.

雨を待つ

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Blusa

Entre dois botões
uma fresta de vale
de seda rosa.

Dentro do braço
ficou guardada a pele
de criança.


Between two botons
a slice of a valley
of rosed silk.

In the inside of your arm
it was kept the skin
of childwood.

Mais um blog de Haiku /Another Haiku blog

Mas... o que é que se passa? Que adubo apareceu que tanto fez nascer blogs de Haiku? (E ainda por cima... todos bons...)
Corram a consultar:

www.meloudrama.blogspot.com

E bem-vindo, Dinis Lapa!

27 de Maio 2008 / 27th May 2008

Hoje, de fome,
morreram 25.000 crianças.
Os pandas estão bem.


Today, of starvation,
25.000 chidren have died.
Pandas are fine.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Aperto de mão

Alvoroçados
teus dedos na minha mão
aves assustadas.

domingo, 25 de maio de 2008

Montes

O verde dos montes
manchado de sombra.
Céu de Primavera.

sábado, 24 de maio de 2008

Dei Domini

Domingo parado
só os pássaros sabem
o que fazer.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Rush hour

Cantar de melro
por cima do ruído dos carros.
...agora já não.


A black bird singing
over the car's noise.
...not anymore.

Le temps des cerises

Cerejas
coradas de desejo
a olhar...


Cherries
blushing of desire
looking...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Escala

Para a abelha
o roçagar do linho
é um terramoto.

domingo, 18 de maio de 2008

De volvo.

Se um dia
receberes o Prémio Nobel
prepara-te para ouvir dizer
que foi por teres tido
um Volvo.

Ontem

Os ramos quebrados
pelo vendaval da noite
brilham ao sol.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O caracol da Primavera / Spring escargot...

Um caracol
passou pela rua a correr
agarrado a um carro.

A snail
runned across the street
resting on a car.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Rosas / Roses

O que me coube
do vermelho das rosas
é sangue no dedo.


My share
of the roses's red
is blood in my finger.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A tardinha... / Late afternoon...

Ah... a tardinha
o suspirar do dia
pela noite!


Ah... late afternoon
the day longing for
the night.

Céu de Primavera / Spring Sky

Vergados pela chuva
os lírios, de soslaio,
espreitam o céu.


Sagging by the rain
lilies squint
at the Spring sky

sábado, 10 de maio de 2008

Um refrescante blog de haiku

As coisas que estão debaixo do nariz e não as vemos... Há um excelente blog de haiku (na verdade haiku & Companhia) aqui mesmo ao lado:

www.magrandefolledesoeur.blogspot.com

Corram a visitar e fica aqui um subtil preliminar do que lá se pode ler e ver:


As folhas húmidas-
o breve murmúrio
do aguaceiro

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Cirque du Soleil

Montra do (im)possível
do melhor que o homem tem
sobretudo o riso.


Show of the (im)possible
the better that Man is able to,
above all the laugh...

terça-feira, 6 de maio de 2008

Natureza / Nature

Imperfeita como nós
a Natureza é
perfeita como nós.


Unperfect like us
Nature is
as perfect as we are.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Amendoeiras /Almond trees

Teimar ser flor
acabada a Primavera
atrasa os frutos...


Wanting to be a flower
in the end of Spring
retards Summer.

sábado, 3 de maio de 2008

Olhem do que eu me lembrei...

Foto de Ivany Lima



Lembrei-me que dar é importante mas que na Bíblia refere-se o "dar com alegria". É bem diferente... dar porque sim ou dar com a alegria de dar é bem diferente, dar para aumentar os outros, dar imaginando a alegria de receber...


Para a abelha
a flor ainda abriu mais
do que para o sol.




I remembered how important is "to give", but the Bible uses the expression "give with joy". It's rather different: just give or give with joy to improve the others, to give antecipating the joy of receiving.


Welcoming the bee
the flower opened more
than for the sun.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Ainda a Primavera...

Fui eu que saí
mas for outro que entrou -
Sol da Primavera!


It was me that left
but it was another one that came back -
Spring's Sun!

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Antes de Maio.../ Just before May...

Saíndo do umbigo
um caminho de formigas
avança para o mel.


Gerânios ao luar -
como abrem o silêncio
na noite!


Geraniums at the moonlight -
how they open
the nightly silence!


Out of navel
a trail of ants
goes to the honey

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Como mão de amigo... / Like a friend's hand...

Clique na imagem para a tornar maior / Click in the image to make it bigger

domingo, 27 de abril de 2008

Ginyu 38





A revista de Haiku "Ginyu" publicou no seu número 38 um conjunto de 10 haiku meus na versão portuguesa, inglesa e japonesa. Esta revista, a mais conceituada do Japão no seu domínio, proporcionou-me uma excelente companhia: para além do poeta Ban'ya Natsuishi, director da WHA, muitos outros excelentes poetas de todo o mundo. Veja a capa acima (clique na imagem para a tornar maior).


The Japanese Haiku Journal "Ginyu" (n. 38) published ten of my haiku in the Portuguese,English and Japanese versions. This journal, one of the most prestigious in Japan about this kind of poetry, provided me with an excellent company: besides Ban'ya Natsuishi, director of WHA, a lot of fine world poets. See the cover above (double click in the image to make it bigger).

sábado, 26 de abril de 2008

Lituânia II

Já é Inverno.
são as primeiras névoas
ou ainda os lírios?


Crepúsculo no lago
só em mim ecoa
a agitação do dia.



Sunset in the lake
the noise of the day
only in me remains.




It's already Winter.
Is it the fog on the fields
or the remaining lilies?

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Lituânia

O verde dos brotos
iluminado pelo sol
Natal em Abril?


The young green of the leafs
enlighted by the sun
Christmas in April?

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Ontem / Yesterday

A espuma passa
pelas grades de ferro
sem dar por elas.


Without noticing
surf goes through
the iron bars

O ferro e a espuma (Iron and surf (Photo Ivany Lima)

O ferro e a espuma, o duro e o mole, a parte de dentro e de fora da mão. Como os contrários vivem juntos (se nós os virmos, é claro...)

Iron and surf, the hard and the smooth, the inside and the outside of a hand. How the opposites live togheter, (if we can see them, of course...)

terça-feira, 22 de abril de 2008

Kaunas (Lituânia)

Chega às golfadas,
árvore sim, árvore não,
a Primavera...



Spring arrives
like sea waves
one tree here, another there...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

O que procuramos quando procuramos o outro / What do we look when we look for the other?

Conhecer o outro, procurar conhecer o que ele é... Nós procuramos sempre. Porquê? Alguns dirão: para conhecer o diferente. Eu direi: mas nós não somos coleccionistas. Outros dirão: temos de ir até ao outro para, na diferença deles, encontrarmos a nossa identidade. É destes que eu sou.

Na tarde de Inverno
lembro-me do calor
para sentir o frio.


To know the Other, to look for what he is... We search all the time. Why? Some will say: to know what is different. (But we are not collectors). I would say: we have to go till the other to find in his difference our identity. I am one of those.


On the winter's afternoon
I remember the heat
to feel the cold.

domingo, 20 de abril de 2008

Vento de Primavera

Vento de Primavera
varre as pétalas do chão
é a vez dos frutos.


Spring wind
sweeps up petals from the ground
i'ts the fruits turn.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Abril


Foto de Ivany Lima



Manhã de Abril
promete amadurecer
o verde dos campos.


April aube
the green of the fields
promisses to ripe.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Inverno / Winter

Árvore nua
só ela pode ter tudo
passado o Inverno.


Naked tree
only her can have everything
when the Winter is gone.

domingo, 13 de abril de 2008

O Haiku e a paciência

Já São Paulo dizia que o amor é paciente. O amor não é só apaixonado, altruísta, generoso, criativo, etc. etc,. Ele é também paciente. Gostava de realçar a paciência do amor não na espera não só no estoicismo de aguentar o desamor ou a indiferença, mas na dimensão positiva: ter paciência para descobrir o outro. As nossas amizades e os nossos amores só se tornam verdadeiramente importantes quando lhes atribuímos tempo, energia e prioridade para os conhecer. Sem isso temos só conhecidos e casos.
E brindo ao amor paciente! Tchim, tchim!
O que é que isto tem a ver com o haiku? Tudo.


A flor da romã
esperou ver um fruto
para se mostrar.

Made in Brazil...

Inspirado, à noite,
fiz um haiku a um cometa
mas era um avião.



à noite no jardim
um ás de copas no chão
e o cheiro a frésias.



Feeling inspired at night,
I wrote an Haiku to a comet
but it was a plain.


At night in the garden
a ace of hearts on the ground
and the perfume of fresias

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Hairóticos IV

Caros amigos:

Hoje publico a última série de poematos com inspiração erótica. Não que tenha acabado a inspiração mas preciso escrever outras coisas. Além disso, se continuo, qualquer dia tenho que pôr uma bolinha vermelha no canto direito do ecran.
Não se inibam de comentar...


Expira e abre
inspira e fecha
borboleta ao sol.


Ele na cama:
- Bem queria... mas o médico
cortou-me o sal.


O passo é nas ancas
quem disse que a dança
é mexer os pés?


Quando te abraço
tenho de dizer às mãos
onde ficar.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Hairóticos III

Não há conversa
que segure os meus olhos:
caem para o teu peito.


Há bundas que dizem
"Viva! Muito prazer!"
Outras, fazem de conta.


Quem vê caras
não vê... bom... corações...
mas gostava de ver.


A floresta
é património de todos.
Preserve-a!

Hairóricos II

Os quatro hairóticos de hoje:


Mulheres de saia!
os jeans são uma burka
disfarçada de moda!


Cerrada a floresta.
Nada lá podia entrar.
Era o que parecia...


Ao cruzar as pernas
no túnel, fez-se uma luz
de algodão branco.


Roçar de braços
afago de cílios
cetim esmeralda.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Hairóticos I

Caros amigos:

Como prometido começo hoje a publicar uma série de poemas curtos com a métrica do Haiku mas sob o tema do erotismo. Vou publicar de hoje até sexta-feira.
Estão prevenidos sobre o tema e não aceito reclamações...


Arregaço a saia
sento-me em ti
remamos juntos.


Digo um segredo
no bico rosa do pássaro
que sai a voar


Tudo o que sobrou
está na montra da loja
de langerie.


Estarão maduros
os frutos que retesam
a tua blusa?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Bom dia! / Good morning!

Clique na imagem para a fazer maior / Click in the image to make it bigger




O sol a pino
Piso nos meus próprios pés
Mas não me alcanço

High sun
I walk on my feet
but I don't reach me.

Enviado por um visitante deste blog /Posted by a visitor of this blog

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Aeroportos... / Airports...

Às vezes
as papoilas do aeroporto
têm pena de ter pé...



Sometimes
poppies in the airport
regret their stalk...

segunda-feira, 31 de março de 2008

Preparem-se!!! Get ready!!!

É isso! Preparem-se! Depois de uma curta série de Haiku humorísticos, a pedido de alguns leitores, vou inaugurar uma curta série de haiku eróticos. Vai começar a 7 de Abril... Esperamos contribuições...
E o haiku de hoje:

Inspiro com a Terra
quando o vento balança
os carvalhos.



Get ready: After a short series of humoristic haiku, I will publish from 7th April a series of erotic haiku. Of course I wait for some contributions...
Today's haiku:

I breath with the Earth
when the wind bounces
the oak trees.

domingo, 30 de março de 2008

Humor V

Na calma sonata
o violino entrou
fora de si.

sábado, 29 de março de 2008

Humor IV

Expulso do quarto
o cão desceu as escadas
cãodescendente.

Humor III

Se penso exato
não sei se existo
mas fico exausto.

Humor II

- Talvez te ame...
disse ela, com olhos
de peixe assado.



- Maybe I love you...
she said, with the eyes
of a grilled fish.

sexta-feira, 28 de março de 2008

O Haiku também tem humor...

Acaba de ser lançado no Brasil um livro de poesia chamado "Lua Caolha" da poetisa Marilda Confortin de Curitiba (Araucária Cultural, 2008). A recensão que li na net, feita por Sérgio Pichorim, dá conta de um refinado sentido de humor. Aqui fica um exemplo:

Al dente

não há futuro ao ponto
quando o presente
é mal passado

quinta-feira, 27 de março de 2008

Crepúsculo /Dawn

Sol baixo no bosque
um passo na luz
outro na sombra.


Low sun in the forest
one step in the light
other in the shadow.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Um novo livro de haiku / A new Haiku book

Um novo de livro de haiku do poeta japonês Ban'ya Natshuishi, presidente da World Haiku Association. Desta vez uma edicão em japonês, inglês e italiano. Um livro muito bonito...


A new book from the Japanese poet Ban'ya Natshuishi, president of the World Haiku Association. This time a publication in Japanese, English and in Italian. A very beautiful book...

terça-feira, 25 de março de 2008

O segundo de hoje / Today's number two

Os girassóis
voltam a face à lua
quando ela sobe.


Sunflowers
turn their faces from the moon
while she goes up

Esta noite / Tonight

No meio da noite
o melro acorda os pássaros
tento adormecer


In the middle of the night
the blackbird awakes the birds
I try to fall asleep.

segunda-feira, 24 de março de 2008

De regresso ao Japão / Coming back to Japan

Kobayashi Issa (1763-1827) é um dos maiores poetas de Haiku do Japão. Aqui fica um dos seus haiku em que a relação entre a Natureza e a Pessoa é referida de uma forma muito subtil:

Que pena!
Vens-me seguindo
pequena borboleta.



Kobayashi Issa (1763-1827) is one of the greatest haiku poets in Japan. Here one of his haiku where the relationship between Nature and Person are shown with a subtil touch...


What a shame!
You have been following me
little butterfly

domingo, 23 de março de 2008

sábado, 22 de março de 2008

Páscoa cristã e haiku (II)

Pujante de vida
o choupo cresce para o sol
no cemitério.

(Publicado em Novembro 2007)

Páscoa cristã e haiku

"Pedi emprestada" a Celso Pestana (www.asquatroestacoes.spaces.live.com) esta citação de Otávio Paz que interpreta o haiku como uma ponte entre a vida e a morte. Adequado para uma quadra em que os critãos celebram a morte e a ressureição de Jesus e que coincide, este ano, com a Primavera. Aí vai:

"A verdade original da vida é a sua vivacidade e essa vivacidade é conseqüência de ser mortal, finita: a vida está tecida de morte. (...) Há uma linguagem que diga essa unidade sem dizê-la? Há, o haikai (...)"


Otávio Paz

sexta-feira, 21 de março de 2008

Viva o dia da Poesia!

Hoje é o dia da Poesia. E mais que a poesia eu queria homenagear os poetas, isto é, as pessoas que (quase todas) olham para si, para a Natureza, para a Sociedade, para o Amor e para a Morte com um olhar simbólico e reflexivo. Hoje é o dia dos poetas, de nós todos. Pequenos ou grandes, hoje não importa.
Hoje temos três poemas: um haiku de Primavera meu, um outro de Casimiro Vaz e por fim um poema de Alan Stolerov sobre a lua de ontem...

Gomo de vida
ainda aprende o verde
e já sabe as uvas.

David Rodrigues


A Primavera
não esperou
pela Lua Cheia.

Casimiro Vaz



Linda lua
de primavera já cheia.
Para ensombrar a tua claridade
são vãos os esforços de tantas nuvens.
Mesmo os cegos são atraídos pela tua gravidade...
far-te-ei a princesa da minha noite

Alan Stolerov

quinta-feira, 20 de março de 2008

Primavera: É hoje! / Spring: It's today!

A primeira floração, a eterna esperança de felicidade, de abundância e de plenitude, comemora-se hoje. No Japão é costume que se contemple esta lua cheia em grupo, comendo e fazendo haiku. Se não puder fazer isto tudo, olhe hoje, pelo menos, a face tutelar da lua.
Boa Primavera!


Sol de Primavera
convite a partir para longe
com a luz que chegou.



Restarts today the eternal hope of hapiness and abundance. In Japan it's common that friends get together to look at the full moon, eating and writing haiku. If you can't do all this, at least look the moon's face. I wish you a happy Spring!


Spring sun
invitation to leave far away
with the light that arrived.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Carlos Seabra

O poeta brasileiro Carlos Seabra tem um interessante blog sobre haiku. Fica o endereço (www.haicaisequetais.blogspot.com) e um dos seus bem-humorados haiku:

Brilha o grampo
ou ela tem no cabelo
um pirilampo?


The Brazilian poet Carlos Seabra has an interesting blog about haiku. Here the address (www.haicaisequetais.blogspot.com).

A corrida diária / Daily life...

Suspira o pinheiro
só de ver as margaridas
mexer sem parar.


Pine tree sighs
only by looking
to restless daisis.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Mar da Primavera / The Sea in the Spring

Estive a viajar... por isso tão pouco assíduo na actualização do blog... mas com o meu interesse por ele intacto.

Espelho sem luz
sombra de núvens no mar
noite no dia.



I was travelling... so not so constant in the blog... but with untouched interest.


A mirror without light
shadow of clouds on the sea
night in the day.

sábado, 8 de março de 2008

Às avessas.../ Inside out...

O mundo às avessas
só parece direito
se olhado ao contrário.


The world inside out
looks right only
if seen from an oposite side.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Fim de tarde / Late afternoon

Algo de mim brilha
no fim da tarde de Inverno
nos olhos do amigo.


A part of me shines
in the late spring afternoon
in the eyes of a friend

segunda-feira, 3 de março de 2008

Parabéns Casimiro Vaz! Happy birthday Casimiro Vaz!

Sexagéssimo ano.
Sei agora o mais belo haiku
A Natureza e o seu tamanho.


Sixty years
I know now the most beautiful haiku
Nature and its size.

Casimiro de Brito e Ban'ya Natsuishi

Voltamos ao inspirador livro "Através do ar" de Casimiro de Brito e Ban'ya Natsuishi. Estes dois poetas articulam os seus haiku numa relação poética chamada de "renku".

O paraíso dos homens
igual ao paraíso
dos ratos

Casimiro de Brito


Tal como a neve
a flor de lótus tem raízes
na lama do azeviche

Ban'ya Natsuishi



We come back to the inspiring book "Through the Air" of Casimiro de Brito and Ban'ya Natsuishi. These two poets write haiku related to each other, what is called "renku".

Men's paradise
equal to mice's
paradise

Casimiro de Brito


A lotus flower
like snow has its roots
amidst jet-black mud

Ban'ya Natsuishi

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O haiku de hoje /Today's haiku

O verso só vive
com o toque dos olhos
de quem o lê.


Poetry lives
with the touch only of the eyes
of those who read them.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Ainda Primavera por.../ Still Spring by... Leonilda Alfarrobinha

manhã de neblina -
ameixieiras em flor
acendem o dia


Foggy morning -
plum tree in flower
enlight the day

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Le temps des cerises... (Primavera III)

Eu sei... eu sei que a famosa canção "Le temps des cerises" que acompanhou os visionários da Comuna de Paris, não é um haiku. Mas digam lá se o intenso lirismo e a esperança veiculada pela Natureza não é da mesma família...


Quand nous en serons au temps des cerises
Et gai rossignol et merle moqueur
Seront tous en fête
Les belles auront la folie en tête
Et les amoureux du soleil au cœur.
Quand nous en seront au temps des cerises
Sifflera bien mieux le merle moqueur.

Mais il est bien court le temps des cerises
Où l'on s'en va deux cueillir en rêvant
Des pendants d'oreilles
Cerises d'amour aux robes pareilles
Tombant sous la feuille en gouttes de sang.
Mais il est bien court le temps des cerises
Pendants de corail qu'on cueille en rêvant.

Quand vous en serez au temps des cerises
Si vous avez peur des chagrins d'amour
Evitez les belles
Moi qui ne crains pas les peines cruelles
Je ne vivrai pas sans souffrir un jour.
Quand vous en serez au temps des cerises
Vous aurez aussi des chagrins d'amour.

J'aimerai toujours le temps des cerises
C'est de ce temps là que je garde au cœur
Une plaie ouverte
Et dame Fortune en m'étant offerte
Ne saura jamais calmer ma douleur.
J'aimerai toujours le temps des cerises
Et le souvenir que je garde au cœur.


Jean-Baptiste Clément e Antoine Renard (1867)

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Primavera II / Spring II

Com vento frio
a Primavera varre
os restos do Inverno


With cold wind
Spring blooms
Winter remains.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Primavera / Spring

A Primavera!
Antes senti tudo isto
e agora tudo é novo.


Spring!
I felt all this before
now everything is new.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Sorrir para o horizonte / Smile to the horizon

Acredito que toda a gente pode pensar poeticamente. Este blog está muito feliz por ter "acordado" alguns destes pensamentos. Desta vez é uma querida amiga que partilha connosco a sua selecta sensibilidade:

Ao acordar sorri
se não tens para quem
tenta o horizonte.

Bom dia, São!


I belive that everybody can think on a poetic way. This blog is very happy bacause has awaked some of these thoughts. This time is a dear friend that shares with us her refined sensibility.

When you awake, smile
If you don't see to whom
Try the horizon.


Good Morning, São!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Haimi

Quando se fala em Haiku o que se retém mais facilmente é o 5~7~5. Nesta fórmula parece ser posta todo a ênfase do haiku como se fosse uma tática invencível de futebol... Mas o essencial do Haiku não é a métrica: é o que o que língua japonesa de chama "haimi" e talvez o que os gregos chamavam "pathos". Sem "haimi" o haiku é um mero exercício. O essencial do haiku é a poesia como diria o M. Lapalisse...


When we talk about haiku the most common image is 5-7-5. This formula seems an invencible football and a haiku production tactic. But the essential of the haiku is not metrics; is what in Japanese is called "haimi" and maybe what the greeks called "pathos". Without "haimi" haiku is an exercise. The essential of haiku is poetry (quoting M. Lapalisse...)

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Um novo livro de Haiku / A new haiku book

Em Dezembro de 2007 Leonilda Cavaco Alfarrobinha publicou o livro de haiku "O respirar das flores" (Pássaro de Fogo). É um livro muito bonito que se pode adquirir da Associação de Amizade Portugal-Japão em Lisboa. E para a abrir o apetite, aqui ficam dois haiku deste excelente livro:

no frio do inverno
as camélias florescem
coração à espera


lua cor de mel -
a noite entra no meu quarto
sem pedir licença


On December 2007, Leonilda Cavaco Alfarrobinha published in Lisbon a haiku book: "the breathing of flowers" (Pássaro de Fogo). It's a beautiful book that can be purchased in the Portugal-Japan Friendship Association in Lisbon. As an aperitif here two of the haiku of this excellent book:


in the cold air of winter
camelias florish
heart waiting

honey colour moon
night enters in my bedroom
without asking permission.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Outro haiku da nossa poeta mais jovem /Another haiku from our youngest poetess

Melissa, a menina de três anos que já fez um haiku aqui publicado, voltou a fazer das suas e hoje disse:

Quero um copo de água
para ser nuvem
e chover.


Melissa, a 3 year old girl, published here before a haiku. Today she added another one when she said:

I want a glass of water
to become a cloud
and make rain.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Dois haiku de Paulo Franchetti /Two haiku by Paulo Franchetti

Paulo Franchetti é um dos mais profícuos investigadores sobre poesia haiku do Brasil. E aqui está a prova como o exercício de analisar não retira a essencial espontaneidade para escrever haiku perfeitos. Querem v(l)er?

Um susto logo cedo:
Na caixa do correio,
Duas mariposas!

Ao virar a esquina,
Saindo de trás do prédio --
A lua cheia.


Paulo Franchetti is one of the most seminal researchers on haiku poetry in Brazil. Here is the proof that this analitic skills don't inhibit the talent to write excellent haiku. Here:

Around the corner
appearing behind the building
the full moon.

What a fright I got
early in the morning, on the post box,
two butterflies!

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Para os nanbans,,, /To the "nanbans"...

Clique na imagem para a tornar maior. / Click on the image to make it bigger.



Aqui estão três dos meus haiku traduzidos para Japonês. Do que eu entendo a primeira linha é o meu nome, ano de nascimento e país. Depois temos os três haiku cujus versos estão separados por barras. Boa leitura!!



Here three of my haiku translated into Japanese. From my understanding, the first line is my name, year of birth and country. Then, we have three haiku whose verses are separated by bars. Have a good reading!!!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A pedido.../ A request...




A pedido dos inumeráveis leitores que ficaram desapontados por não poderem ver a capa do livro na língua do Sol Nascente...

On request of the endless number of readers that didn't have the opportunity to see the cover of the book on its original language...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

World Haiku 2008

Se estiver interessado no livro, posso mandar vir exemplares do Japão. O preço é (+/-) 15 Euros por exemplar.

If you would like to have a copy, I can buy them from the publisher in Japan. It's (+/-) 15 Euros per copy

World Haiku

Foi publicado o livro World Haiku 2008 editado pelo poeta Ban'ya Natsuishi e publicado pela editora Shichigatsudo do Japão. É uma antologia com haiku de 160 poetas de 30 países. De Portugal temos Casimiro de Brito e... David Rodrigues. É bom ver o que escrevemos escrito em japonês!


It was published the book "World Haiku 2008" edited by the poet Ban'ya Natshuishi and published by the Shichigatsudo Publisher in Japan. Is an anthology with contributions of 160 poets from 30 countries. From Portugal we have Casimiro de Brito and... David Rodrigues. It's so good to see your poems written in Japanese!..

7 de Fevereiro / 7th February

Estava a fritar peixe
quando entraste com o livro
sobre a Primavera

I was frying fish
when you came in with a book
about Spring.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Parque de Monsanto, Lisboa / Monsanto Park, Lisbon.

No Carnaval
a amendoeira vestiu-se
de neve


In Carnival
the almond tree dressed up
in snow.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Crispim Campos

Já falei aqui de poemas que não são formalmente haiku mas que estão impregnados do mesmo espírito. Este é um deles de Crispim Campos, um poeta brasileiro de Campinas:

Essa chuva
fria que corre os
telhados
mais parece um
choro
que escorre nos
meus olhos
de cerâmica.


As I said before there are poems that formaly are not haiku but whose spirit is the same. Here one of those poems of Crispim Campos, a Brazilian poet from Campinas:

That cold rain
driping from the roofs
is like tears
running in my
ceramic eyes.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Juntos e separados / Together and alone

Os dois separados
como canais contíguos
de televisão.


Both apart
as two close channels
on the television.

Uma onda / A wave

Clique na imagem para a aumentar /Click on the image to make it bigger



No auge da força
a onda do mar já é
um lago de espuma.


In the peak of its force
the sea wave
is already a pond of surf.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O haiku de 30 de Janeiro / 30th January haiku

Lua nova
confortado pelas estrelas
o céu está mais só.


New moon
comforted by the stars
the sky is lonelier.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Octavio Paz (1914-1998)

Octavio Paz, Prémio Nobel da Literatura, é um refinado escritor de haiku. Aqui um poema na sua lingua materna:

Sobre la arena
escritura de pájaros
memorias del viento.


E em português:


Sobre a areia
escrita de pássaros
memórias do vento


Octavio Paz, Nobel Prize of Literature,is a sophisticated writer of haiku. Here one of them:

On the sand
birds writting
wind memories.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Rabindranath Tagore (1861-1941)

Tagore é um dos grandes poetas mundiais. Que eu saiba não escreveu haiku, mas a atitude de olhar ternamente a Natureza está presente nestes versos do seu poema "Julgamento":


(...)
Olha, as flores florescem à beira do bosque,
trazendo uma mensagem do céu,
porque é um amigo da terra;
Com as chuvas de Julho
a erva inunda a terra de verde,
e enche a sua taça até à borda.
Esquecendo a identidade,
enche o teu coração de simples alegria.
Viajante,
disperso ao longo do caminho,
o tesouro amontoa-se à medida que caminhas.


Tagore is a great world poet. I don't know any haiku written by him, but these verses of his poem "Judgement" show a feeling of closeness and tenderness towards Nature. (I am using a Portuguese translation and I don't dare to re-translate Tagore into English...)

sábado, 26 de janeiro de 2008

Que bom que vieste... / So good that you came...

Clique sobre a imagem para a aumentar / Click on the image to make it bigger.

Haiku erótico / Erotic Haiku

Refiro-me ao livro "Haiku Érotiques" editado pela editora Picquier (Paris, 2000) pg. 57.

Avec sa servante
en relation de tendresse
et l'une après l'autre.


Com a sua criada
numa relação de ternura
e uma a seguir à outra.


From the book "Haiku Érotiques" (Picquier, Paris 2000), pp.57:

With her maid
in a tender relationship
and one after the other.

Um haiku de Casimiro Vaz / A haiku by Casimiro Vaz

Em mãos iluminadas
das teclas pretas e brancas
soam arco-iris.


Hands. enlighted
by the black and white keys,
sound rainbow.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Um haiku com 3 anos de idade / A 3 year old haiku

A Melissa, uma menina de 3 anos, fez um haiku. Eu só tive que o acabar e escrever.

Depois da chuva
as fadas ficam brilhantes
e eu também.



Melissa, a 3 year old girl, made a haiku. I only had to finish it and write it:

After the rain
fairies become brilliant
and so do I.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Ozaki Hosai (1885-1926)

Tão só
que movo a minha sombra
para ver.


So alone
that I move my shadow
to see.


Si seul
que je fais bouger mon ombre
pour voir.


in: "Haiku: Anthologie du poème court japonais" Gallimard, Paris, 2002.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Janeiro com sol / A Sunny January

Sol de Inverno
preciso de nostalgia
para ficar feliz.


Winter's Sun
I need some homesickness
to be happy.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Lindas palavras / Beautiful words

Aqui ficam das palavras que alguns amigos consideram "as mais belas" e que enviaram como resposta ao desafio de 14 de Janeiro:

afecto
amanhãs
compaixão
crespúsculo
depois
saudade
trindade


Here the words that some friends sent answering to the challange of 14th January as "the most beautiful" words:

affection
tomorrows
compassion
twilight
after
trinity

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Nem só de haiku vive o homem...

Claro que o leitor já sabia disto: o haiku é uma peça do imenso mosaico da expressão poética. Ainda que este blog seja sobre haiku, recomendo a visita a um outro blog de outras expressões literárias com excelentes textos e fina sensibilidade. O endereço é www.veropoema.net e o seu coordenador é o escritor brasileiro Edmir Carvalho. Procure lá os meus versos com o título "Corpos Celestes".

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Noite de Inverno / Winter night

Noite quieta
só soprou a tempestade
no meu sono.


Quiet night
only the tempest blew
in my sleep.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Um desafio / A challange

O jornal francês "Le Monde" (12.1.2008) anunciou que a palavra turca "yakamoz" (que significa "luar na água") foi eleita, num concurso realizado em Berlim, a palavra mais bonita do mundo. E para si? Qual é a palavra mais bonita do mundo?


The French newspaper "Le Monde" informed (12.1.2008) that the Turkish word "yakamoz" (which means "moonlight on the water") was elected, on a contest organized in Berlin, the most beautiful word in the world. And for you? What is the most beautiful word of the world?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Orly, 2008

Parados no chão
como leitões a mamar
tantos aviões!

On the ground
like little pigs sucking
so many plains!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Um poema quase haiku / A "almost haiku" poem

Paulo Leminski (1944-1989) grande poeta brasileiro escreveu brilhantes haiku e poemas que são "quase haiku". Aqui um deles:

Acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido.


Paulo Leminski (1944-1989) is a brilliant Brazilian poet. He wrote excellent haiku and some poems that are "haiku like". Here one of them:

I awaked in flat
everything was sharp
even the sun
but sense was missing.

Depois dos presentes... / After the presents...

Papel após papel
vou descobrindo que a prenda
é abrir embrulho.


Paper after paper
I am discovering that the present
is to open the package.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Um haiku de Albano Martins / A haiku by Albano Martins

Uma concha bivalve
borboleta do mar
de asas fechadas

(Flores do Salgueiro, 1996)


A twin shell
sea's butterfly
with closed wings

(Flores do Salgueiro, 1996)

sábado, 5 de janeiro de 2008

Despedida / Farewell

Descolada do céu
a lua ilumina
o comboio que parte.

Unstucked from sky
the moon enlights
the leaving train.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O rumor da tranquilidade / The restless peace

Mesmo em dia assim
de céu e terra parados,
as formigas correm

Mitsuhashi Takajo (1899-1972)


Even on a day like this
when the sky and the earth are still
hunts run.

Mitsuhashi Takajo (1899-1972)