Já aqui disse que gosto da frase irónica de Jean-Paul Sartre que "o inferno são os outros". Hoje apetece-me dizer que "o infeno afinal somos nós". O contacto com os outros é o essencial espelho para nos vermos a nós. Um exemplo: se uma pessoa que consideramos nossa amiga (amiga mesmo) faz algo que consideramos moralmente menos correto, este é um bom exemplo para vermos as coisas que somos capazes de fazer. Se um amigo meu (pessoa com quem me identifico fraternalmente) infringe (por egoismo, por egocentrismo, por negligência, até mesmo por uma vingançazinha) um código moral que eu acho certo, que serei eu capaz de fazer? Pelo menos o mesmo, se não for pior.
O inferno afinal não são os outros; somos nós e os outros, somos todos. Por um palmo de terra, por um olhar que consideramos menos respeitoso, por um tom de voz, por um esquecimento banal, por uma palavra, temos o caldo entornado e o nosso Ego agiganta-se. (Coitados de nós! Quanto mais finitos e pequenos, mais arrogantes...)
a fomiga parou
à espera que a erva
saísse do caminho.
duas formigas -
ResponderEliminar- não lutam pela mesma
folha de erva
-
Um abraço.