toda a luz do sol
cabe no corpo pequeno
da lua cheia.
Bem-vindo ao HAIKUPORTUGAL! Este Blog pretende ser um lugar de encontro de pessoas que gostam e escrevem poesia Haiku. Deixe o seu comentário e/ou o(s) seu(s) haiku. Welcome to HAIKUPORTUGAL! The main aim of this blog is to be a "meeting point" of people that love and write Haiku poetry. Leave your comment (and a Haiku).
terça-feira, 28 de junho de 2011
Responsabilidade
É talvez a expressão mais sagrada da biblia liberal. A responsabilidade individual. Já que a liberdade está garantida (há campanhas, elições, não há censura nem polícia política, a justiça é independente,...) pode-se descarregar responsabilidade nos ombros dos indivíduos. " Tens opção, por isso se estás assim é porque usaste mal a tua responsabilidade e a liberdade que te foi dada". Pobre Zé Ninguém depois de tudo o que aconteceu ainda é por sua culpa...
Lembrei-me desta reflexão ao constatar que todo o o nosso aparelho democrático que elege os nossos deputados, presidente, etc. está vergonhosamente dependente das tais agências de "rating". Diz-se "Não os enervem, não os chateiem senão é pior!". Mas quem são essas agências? Quem elegeu os seus directores? Quem sufragou as suas opções? Ninguém. Elas são o poder nú, real e impiedoso do dinheiro sobre a política. E aqui vemos a armadilha da liberdade e da responsabilidade. E temos que fingir que acreditamos que é verdade...
detrás do cenário
os barrotes e as ripas -
seguram um jardim.
Lembrei-me desta reflexão ao constatar que todo o o nosso aparelho democrático que elege os nossos deputados, presidente, etc. está vergonhosamente dependente das tais agências de "rating". Diz-se "Não os enervem, não os chateiem senão é pior!". Mas quem são essas agências? Quem elegeu os seus directores? Quem sufragou as suas opções? Ninguém. Elas são o poder nú, real e impiedoso do dinheiro sobre a política. E aqui vemos a armadilha da liberdade e da responsabilidade. E temos que fingir que acreditamos que é verdade...
detrás do cenário
os barrotes e as ripas -
seguram um jardim.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
O tempo ainda
Duas citações: uma da Rainha Vitória no leito de morte a suplicar "Só mais um minuto"; a outra de José Saramago a responder à questão: "O que é que ainda precisa depois de uma vida tão cheia de sucesso?". Ele respondeu "Tempo".
Quando nos apercebemos que o nosso tempo é finito e breve e que a vida tal como a conhecemos teve uma longa existência sem nós e terá uma longa existência também sem nós, percebemos o quão precioso é o nosso tempo de vida. Cada texto desproveitado, cada espera sem resultado, cada momento que consumir as nossas energias e que não produziu nada de útil ou prazeiroso para nós ou para os outros, é um tempo desperdiçado.
Mas o mais dramático é o seguinte: mesmo que tivessemos aproveitado cada segundo da nossa existência o tempo fugir-nos-ia da mesma forma. Talvez mesmo mais porque sabendo o quanto ele pode render saberíamos melhor o que é perdê-lo. O tempo - agora mais que o espaço - está no centro da nossa limitação como humanos e, por isso, tentamos tão afincadamente (e tão inglóriamente) lutar contra a sua passagem.
queima a partida
suga a chegada...
que caminho resta?
Quando nos apercebemos que o nosso tempo é finito e breve e que a vida tal como a conhecemos teve uma longa existência sem nós e terá uma longa existência também sem nós, percebemos o quão precioso é o nosso tempo de vida. Cada texto desproveitado, cada espera sem resultado, cada momento que consumir as nossas energias e que não produziu nada de útil ou prazeiroso para nós ou para os outros, é um tempo desperdiçado.
Mas o mais dramático é o seguinte: mesmo que tivessemos aproveitado cada segundo da nossa existência o tempo fugir-nos-ia da mesma forma. Talvez mesmo mais porque sabendo o quanto ele pode render saberíamos melhor o que é perdê-lo. O tempo - agora mais que o espaço - está no centro da nossa limitação como humanos e, por isso, tentamos tão afincadamente (e tão inglóriamente) lutar contra a sua passagem.
queima a partida
suga a chegada...
que caminho resta?
terça-feira, 14 de junho de 2011
Como diria o Sérgio Godinho
Hoje fiz um novo amigo: Reinar Oschewsky: um educacdoer alemão que como eu é formador da École Superieure D'Éducation Nationale (Poitiers - France). Famos longamente sobre o tempo a própósito de um artigo publicado na revista GEO sobre o mesmo tema. Ele perguntava que se há tantas concepções de tempo porque é que vivemos e sujeitamos as nossas crianças na escola e na vida a um ritmo que nos torna doentes e escravos de um aparelho (o relógio pessoal) que só foi inventado no sec. XIX?
Quanto tempo leva a comprar um selo em Portugal? E na Alemanha? Quanto tempo leva a percorrar 100 metros em Nova Iorque? E em Lima? E há povos para quem o futuro e o passado não fazem sentido porque o tempo é circular.
E eu que pareço o coelho da Alice "sempre atrasado!...sempre atrasado!", lá vou ouvindo e falando a ver se alguma vez isso se converte em atitude.
estou atrasado
para as três horas de espera
no médico.
Quanto tempo leva a comprar um selo em Portugal? E na Alemanha? Quanto tempo leva a percorrar 100 metros em Nova Iorque? E em Lima? E há povos para quem o futuro e o passado não fazem sentido porque o tempo é circular.
E eu que pareço o coelho da Alice "sempre atrasado!...sempre atrasado!", lá vou ouvindo e falando a ver se alguma vez isso se converte em atitude.
estou atrasado
para as três horas de espera
no médico.
sábado, 11 de junho de 2011
Hoje há estética
Falava ontem com o meu amigo e compositor João Nascimento. Falavamos da valorização da obra (de arte) que se produz. Perguntava ele: quem é que é qualificado para sancionar alguma produção como boa, "artística", original, etc.
1)A história está recheada de enganos clamorosos que levaram a incensar mediocridades e a esquecer obras geniais.
2)Também não é muito de confiar no "tempo". Quantas camadas de terra lançou este "tempo" sobre obras que mereceriam fazer-nos assídua companhia?
3)E a crítica? Bom disso é melhor nem falar... Quantas vezes a crítica do tempo falha cruelmente as suas apreciações em nome de interesses ou gostos locais e mesquinhos?
- Em quem repousar pois? - perguntava o meu amigo.
E eu acho que é em nós, nos criadores sejam eles do tamanho que forem. Cada um é o melhor avaliador da sua obra. E, se não for megalómano ou deprimido, fará uma avaliação do que faz muito perto do que a obra vale. Quem poderá melhor julgar as intenções, as dificuldades, a mensagem, as ambiguidades? É o autor. E se não for ele... a obra fica à deriva, à espera que alguém lhe dê um sentido que o autor não lhe conseguiu dar.
escolhido pela abelha
o alho porro olha
as violetas.
1)A história está recheada de enganos clamorosos que levaram a incensar mediocridades e a esquecer obras geniais.
2)Também não é muito de confiar no "tempo". Quantas camadas de terra lançou este "tempo" sobre obras que mereceriam fazer-nos assídua companhia?
3)E a crítica? Bom disso é melhor nem falar... Quantas vezes a crítica do tempo falha cruelmente as suas apreciações em nome de interesses ou gostos locais e mesquinhos?
- Em quem repousar pois? - perguntava o meu amigo.
E eu acho que é em nós, nos criadores sejam eles do tamanho que forem. Cada um é o melhor avaliador da sua obra. E, se não for megalómano ou deprimido, fará uma avaliação do que faz muito perto do que a obra vale. Quem poderá melhor julgar as intenções, as dificuldades, a mensagem, as ambiguidades? É o autor. E se não for ele... a obra fica à deriva, à espera que alguém lhe dê um sentido que o autor não lhe conseguiu dar.
escolhido pela abelha
o alho porro olha
as violetas.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Tempo
cresce o vento -
as folhas do calendário
voam rápidas.
parado -
agora vê-se que o pião
está partido.
as folhas do calendário
voam rápidas.
parado -
agora vê-se que o pião
está partido.