jantar na Primavera -
flores de jacarandá
caem na mesa.
dinner in Spring
jacaranda flowers
fall on the table.
Bem-vindo ao HAIKUPORTUGAL! Este Blog pretende ser um lugar de encontro de pessoas que gostam e escrevem poesia Haiku. Deixe o seu comentário e/ou o(s) seu(s) haiku. Welcome to HAIKUPORTUGAL! The main aim of this blog is to be a "meeting point" of people that love and write Haiku poetry. Leave your comment (and a Haiku).
domingo, 31 de maio de 2009
sábado, 30 de maio de 2009
Aos punhos apontados para o céu
Hoje queria falar dos punhos apontados para o céu. Os punhos daquelas pessoas a que sofreram uma ofensa irreparável e injusta e que na agonia da injustiça apontam para o grande e impassível céu os seus infimos e desesperados punhos. Que esperar de quem se sentiu trespassado por uma injustiça que já está feita e para a qual não há remédio (um assassinato, um genocídio, uma calúnia, um crime ambiental, enfim, tantas...tantas...) ? E o punho apontado para o céu mostra a desproporção de forças, a formiga a levantar o punho para o elefante...
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Pedir
Pedir é apelar para as emoções da pessoa a quem se pede. É por isso que não se pede justiça (essa deveria ser racional e positiva) nem se deve pedir respeito. Pede-se carinho, atenção, generosidade. misericórdia, compaixão... pede-se uma oportunidade que pode não ser dada...
Pedir é de certa forma perguntar: "Está certo que está a ser humano e justo?" E perguntar não ofende (talvez até mobilize outras energias para tomar uma boa decisão).
Pedir é de certa forma perguntar: "Está certo que está a ser humano e justo?" E perguntar não ofende (talvez até mobilize outras energias para tomar uma boa decisão).
terça-feira, 26 de maio de 2009
Haibun
Definição da Haiku Society ofAmerica.
Definition of the Haiku Society of America as adopted at the Annual Meetingof the Society, New York City, 18 September 2004
A haibun is a terse, relatively short prose poem in the haikai style,usually including both lightly humorous and more serious elements. A haibunusually ends with a haiku.
Parece deprender-se que haikai é um estilo de escrita que pode exprimir-sede múltiplas formas (haiku, haibun, renga, tanka, etc.). A temática é muito alargada mas parece que temas do quotidiano e da viagem são os mais populares (e que foram extensivamente cultivados por Bashô). A este respeito pode-se consultar "Contemporary HaibunOnline" que tem uma boa e grande selecção de poetas contemporâneos.
Definition of the Haiku Society of America as adopted at the Annual Meetingof the Society, New York City, 18 September 2004
A haibun is a terse, relatively short prose poem in the haikai style,usually including both lightly humorous and more serious elements. A haibunusually ends with a haiku.
Parece deprender-se que haikai é um estilo de escrita que pode exprimir-sede múltiplas formas (haiku, haibun, renga, tanka, etc.). A temática é muito alargada mas parece que temas do quotidiano e da viagem são os mais populares (e que foram extensivamente cultivados por Bashô). A este respeito pode-se consultar "Contemporary HaibunOnline" que tem uma boa e grande selecção de poetas contemporâneos.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
João Benard da Costa
O que é a arte para além do imediato, da experiência presencial e instantânea, da fruição, do prazer ou da emoção do momento? O que é um livro além do momento, além do tempo, em que se lê? E uma pintura para além do que olha? E uma música para além do que se ouve?
Um possível resposta está nos sublimes cometários que JBC faz ao cinema, actualmente uma das mais efémeras formas de arte. Nas suas palavras o cinema adquire uma dignidade semelhante às grandes contribuições da arte e uma perenidade inesperada para quem corre a 16 imagens por segundo.
Obrigado JBC por ter acolhido o ciclo "As Imagens e as Pessoas com Deficiência" na sua Cinemateca. E vou sempre ler as suas palavras sobre cinema. Cinema com amor. "With eyes wide open".
Um possível resposta está nos sublimes cometários que JBC faz ao cinema, actualmente uma das mais efémeras formas de arte. Nas suas palavras o cinema adquire uma dignidade semelhante às grandes contribuições da arte e uma perenidade inesperada para quem corre a 16 imagens por segundo.
Obrigado JBC por ter acolhido o ciclo "As Imagens e as Pessoas com Deficiência" na sua Cinemateca. E vou sempre ler as suas palavras sobre cinema. Cinema com amor. "With eyes wide open".
terça-feira, 19 de maio de 2009
Mario Benedetti
Morreu Mário Benedetti. Há quatro anos atrás li a sua compilação "Inventário Uno" (poesia 1950-1985) um volume de 600 páginas e apreciei cada momento que passei a lê-la.
E a melhor homenagem a um poeta? Ler e abrir o coração aos seus versos. Como ele dizia:
Arte Poética
Que golpee y golpee
hasta que nadie
pueda ya hacerse el sordo
que golpee y golpee
hasta que el poeta
sepa
o por lo menos crea
que es a él
a quien llaman.
E a melhor homenagem a um poeta? Ler e abrir o coração aos seus versos. Como ele dizia:
Arte Poética
Que golpee y golpee
hasta que nadie
pueda ya hacerse el sordo
que golpee y golpee
hasta que el poeta
sepa
o por lo menos crea
que es a él
a quien llaman.
domingo, 17 de maio de 2009
"Cinquenta Xiaoling"
Hoje falamos dos vizinhos... não do Japão mas dos seus poderosos e inspirados vizinhos chineses.
Acabei de ler o livro de Zhang Kejiu (Ed. Campo de Letras) com o título "Cinquenta Xiaoling" tradução para português do poeta Albano Martins.
É um livro de uma poesia belíssima que, apesar de escrita no princípio do século XIV, mantém todo o seu viço e nos continua a emocionar pela sua humanidade e lirismo.
Deixo aqui um destes poemas com uma vénia ao autor e ao tradutor:
De leste a oeste partem e chegam os barcos, combate de formigas/
Bater de palmas, a dama mongol está embriagada/
Do poente chegam rumores de canções/
Uma núvem solitária atravessa a sombra dum pagode/
Vento de lótus na noite fresca, o céu é como água.
E um haiku meu (d'aprés Zhang Kejiu :
noite de Maio -
uma brisa de rosas
no meio da avenida.
Acabei de ler o livro de Zhang Kejiu (Ed. Campo de Letras) com o título "Cinquenta Xiaoling" tradução para português do poeta Albano Martins.
É um livro de uma poesia belíssima que, apesar de escrita no princípio do século XIV, mantém todo o seu viço e nos continua a emocionar pela sua humanidade e lirismo.
Deixo aqui um destes poemas com uma vénia ao autor e ao tradutor:
De leste a oeste partem e chegam os barcos, combate de formigas/
Bater de palmas, a dama mongol está embriagada/
Do poente chegam rumores de canções/
Uma núvem solitária atravessa a sombra dum pagode/
Vento de lótus na noite fresca, o céu é como água.
E um haiku meu (d'aprés Zhang Kejiu :
noite de Maio -
uma brisa de rosas
no meio da avenida.
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Uma rua de Alfama / A street in Alfama
o Tejo -
no fim da sombra da rua
um muro de luz azul.
the Tagus-
in the end of the street's shadow
a wall of blue light
no fim da sombra da rua
um muro de luz azul.
the Tagus-
in the end of the street's shadow
a wall of blue light
terça-feira, 12 de maio de 2009
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Ainda Adriana Lisboa...
Um parágrafo do livro Rakushisha (pg. 121, ed. Quetzal):
(trata-se uma empregada de uma loja no Japão a fazer um embrulho de presente ("puresentu" em japonês):
"Ela parecia empenhada numa manifestação de origami. Haruki se perguntava o que sairia dali. Uma estrela. Uma cigarra. Um capacete de samurai. Quando o número de dobras e de vincos no papel se mostrou suficiente à moça de mãos magras, ela pegou o livro e o acomodou sobre ele de banda. Então continuou com as dobraduras, rapidamente mas aparentando calma, eficientemente mas aparentando concentração, gentilmente mas aparentando segurança. Um tanto quanto mecanicamente, mas aparentando afeto".
Estão a ver porque é que vale a pena ler o livro para sorver estes "relances da alma japonesa"?
(trata-se uma empregada de uma loja no Japão a fazer um embrulho de presente ("puresentu" em japonês):
"Ela parecia empenhada numa manifestação de origami. Haruki se perguntava o que sairia dali. Uma estrela. Uma cigarra. Um capacete de samurai. Quando o número de dobras e de vincos no papel se mostrou suficiente à moça de mãos magras, ela pegou o livro e o acomodou sobre ele de banda. Então continuou com as dobraduras, rapidamente mas aparentando calma, eficientemente mas aparentando concentração, gentilmente mas aparentando segurança. Um tanto quanto mecanicamente, mas aparentando afeto".
Estão a ver porque é que vale a pena ler o livro para sorver estes "relances da alma japonesa"?
sábado, 9 de maio de 2009
Uma pergunta
Existe "estado de sítio", "estado lastimoso", "estado de graça" e tantos tantos mais estados... Recentemente falava-se entre poetas de haiku no "estado de haikai" significando uma predisposição de espírito, de "inspiração" ("I love this word"!) para escrever haiku.
Este "estado de haiku" existe mesmo? Se existe como é que pode ser definido? E que composição tem? Quantas partes de inspiração e quantas partes de transpiração?
Escrevi este haiku e não sei se estava ou não em "estado de haiku". Quem ajuda?
praia ao fim da tarde -
borboletas e gaivotas
no adeus do sol
(Na praia estava de certeza. E que linda que a praia está na Primavera!)
Este "estado de haiku" existe mesmo? Se existe como é que pode ser definido? E que composição tem? Quantas partes de inspiração e quantas partes de transpiração?
Escrevi este haiku e não sei se estava ou não em "estado de haiku". Quem ajuda?
praia ao fim da tarde -
borboletas e gaivotas
no adeus do sol
(Na praia estava de certeza. E que linda que a praia está na Primavera!)
sexta-feira, 8 de maio de 2009
I Ching
É este o título de um lindíssimo texto ("haikulike") que Yvette Centeno publicou no seu blog "literaturaearte"
Eu arrisco mesmo uma tradução em português (espero que sem traição).
The wind
in its cloud
The tree
in its root
O vento
na sua núvem;
a árvore
na sua raíz
Eu arrisco mesmo uma tradução em português (espero que sem traição).
The wind
in its cloud
The tree
in its root
O vento
na sua núvem;
a árvore
na sua raíz
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Senryu
Nem só de haiku vive este blog. Um amigo perguntou-me se os haiku tinham que ser sempre tão "sérios" e ligados a um certo formalismo. A minha opinião é que não: o moderno haiku é bem mais aberto e livre do que o haiku tradicional que vem de Bashô. Mas quem quiser escrever tercetos sem dores de consciência que pode estar a "assassinar" o haiku tem a possibilidade de escrever "Senryu". Abaixo encontram uma definição de senriu e um escrito por mim.
Senryū is a poem that is written in a similar form and emphasizes irony, satire, humor, and human foibles rather than seasons; it may or may not contain a kigo and kireji.
Qual é o espanto?
Afinal ele só é
melhor do que eu!
Senryū is a poem that is written in a similar form and emphasizes irony, satire, humor, and human foibles rather than seasons; it may or may not contain a kigo and kireji.
Qual é o espanto?
Afinal ele só é
melhor do que eu!
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Profetas em terra natal...
A mensagem postada aqui sobre Adriana Lisboa foi também enviada para a lista de 180 membros que se interessam pelo haiku no Brasil. Sabem quantas reacções apareceram? Nenhuma.
E daqui se podem tirar pelo menos três possíveis conclusões: 1) que a informação que eu dei era completamente redundante e todos conheciam bem o trabalho desta escritora, 2) que ninguém é profeta na sua própria terra, 3) que o assunto não vale a pena. Desta a única que me parece descabida é a última: é que vale mesmo a pena... tanto como cantar os bem-te-vi.
E daqui se podem tirar pelo menos três possíveis conclusões: 1) que a informação que eu dei era completamente redundante e todos conheciam bem o trabalho desta escritora, 2) que ninguém é profeta na sua própria terra, 3) que o assunto não vale a pena. Desta a única que me parece descabida é a última: é que vale mesmo a pena... tanto como cantar os bem-te-vi.
terça-feira, 5 de maio de 2009
Ventura
Hoje,
faz-me cócegas no corpo
um frémito de felicidade.
Eu explico:
esta semana
a lotaria dá um jackpot
de 129 milhões.
Uffffffffff!
De todas as possibilidades
que me lembro
e que me podem
trazer a felicidade
esta é uma das mais prováveis.
Quem sabe
como estará a minha saúde
amanhã?
(ultimamente ando mais vulnerável)
E como estarão os que eu amo?
(idem aspas)
O António (meu amigo de Espanha)
morreu há dois dias
sem nada o fazer prever...
Acidentes de carro,
(estou no epicentro)
notificações das finanças,
(será que eles não me esquecem?)
enfim...
Tudo de mal pode
certamente acontecer.
Mas o bem,
também...
(Oh! Como está fino o ar da manhã!)
129!!! É obra!
faz-me cócegas no corpo
um frémito de felicidade.
Eu explico:
esta semana
a lotaria dá um jackpot
de 129 milhões.
Uffffffffff!
De todas as possibilidades
que me lembro
e que me podem
trazer a felicidade
esta é uma das mais prováveis.
Quem sabe
como estará a minha saúde
amanhã?
(ultimamente ando mais vulnerável)
E como estarão os que eu amo?
(idem aspas)
O António (meu amigo de Espanha)
morreu há dois dias
sem nada o fazer prever...
Acidentes de carro,
(estou no epicentro)
notificações das finanças,
(será que eles não me esquecem?)
enfim...
Tudo de mal pode
certamente acontecer.
Mas o bem,
também...
(Oh! Como está fino o ar da manhã!)
129!!! É obra!
segunda-feira, 4 de maio de 2009
domingo, 3 de maio de 2009
Adriana Lisboa
Caros amigos:
Num blog qualquer informação corre sempre o risco de ser útil para alguns e redundante e óbvia para outros. Sabendo disto gostaria de partilhar convosco o grande prazer que tive em ler o último livro editado em Portugal da escritora carioca Adriana Lisboa (Prémio José Saramago em 2003) . O livro chama-se Rakushisha que como saberão foi o nome que o poeta japonês Mukai Kyorai deu à sua cabana depois de uma noite de temporal em que os caquis das árvores que a rodeavam se terem perdido. O nome quer mesmo dizer “Caquis Caídos”.
Adriana Lisboa tem uma escrita simultaneamente firme e leve e a desenvoltura com que desenvolve a acção é uma verdadeira escultura do tempo. Claro que o livro está cheio de referências à cultura japonesa, a Bashô e ao haicai. Para quem quiser conhecer mais sobre esta grande escritora brasileira pode ir a http://www.adrianalisboa.com.br/
E outra informação mais seleccionada: Adriana Lisboa tem um blog que se chama assim mesmo: Caquis caídos.
Ah para quem não sabe, "caqui" é o que nós chamamos em Portugal "dióspiro".
David Rodrigues
PS. Outra versão do haiku de ontem:
como uma mão
vento acaricia a erva:
pêlo de gato.
as a hand,
wind caresses the grass:
cat's fur...
Num blog qualquer informação corre sempre o risco de ser útil para alguns e redundante e óbvia para outros. Sabendo disto gostaria de partilhar convosco o grande prazer que tive em ler o último livro editado em Portugal da escritora carioca Adriana Lisboa (Prémio José Saramago em 2003) . O livro chama-se Rakushisha que como saberão foi o nome que o poeta japonês Mukai Kyorai deu à sua cabana depois de uma noite de temporal em que os caquis das árvores que a rodeavam se terem perdido. O nome quer mesmo dizer “Caquis Caídos”.
Adriana Lisboa tem uma escrita simultaneamente firme e leve e a desenvoltura com que desenvolve a acção é uma verdadeira escultura do tempo. Claro que o livro está cheio de referências à cultura japonesa, a Bashô e ao haicai. Para quem quiser conhecer mais sobre esta grande escritora brasileira pode ir a http://www.adrianalisboa.com.br/
E outra informação mais seleccionada: Adriana Lisboa tem um blog que se chama assim mesmo: Caquis caídos.
Ah para quem não sabe, "caqui" é o que nós chamamos em Portugal "dióspiro".
David Rodrigues
PS. Outra versão do haiku de ontem:
como uma mão
vento acaricia a erva:
pêlo de gato.
as a hand,
wind caresses the grass:
cat's fur...